Vamos defender o SNS, vamos? Sim, claro1 Mas, de quem? Dos privados! Ah é?
Vou deixar aqui umas deixas sobre a defesa do SNS.
Os privados já entraram no SNS há bastante tempo.
Uma parte importante do Serviço de Urgência é fornecido por empresas que contratam médicos para depois os revenderem ao SNS.
O grosso dos Cuidados Continuados são privados os associativos. Portanto o fim-de-linha não pertence ao SNS.
Uma parte importante dos meios auxiliares de diagnóstico radiológicos - TAC's, RMN's - é executado no SNS mas relatado fora do SNS por empresas privadas, por não haver gente suficiente no SNS para fazer os relatórios. Há as máquinas, há os técnicos, os médicos nem por isso.
Muitos Hospitais do SNS subcontratam internamento em Unidades Hospitalares privadas como rectaguarda para tempos de crise, bem como manutenção em internamento de doentes pendentes de orientação para Cuidados Continuados ou Apoio Social. Hospitais há onde isto não acontece em crise mas sempre. Uma familiar minha foi vista no SU da Feira e teve direito a tratamento de uma pneumonia no internamento do Grupo Trofa em Vila do Conde, tudo isto pago pelo SNS. Isto não é excepção, é sim muito frequente. E isto decorreu de um esforço feito há uns 15-20 anos por uns iluminados em diminuir os número de camas de internamento, o que seria um "progresso2. Esqueceram-se do envelhecimento da população, etc.
Há um subfinanciamento crónico do SNS que acontece desde que eu ouço falar do financiamento do SNS, sendo eu médico há 36 anos. O que me surpreende deveras, pois o PS esteve nos últimos 30 anos no governo em 22, 22 anos.
O subir do dinheiro atribuido à saúde nos últimos anos deveu-se a um único factor: COVID. O aumento do número de contratações também.
Não me lembro de um Ministro da Saúde nestes últimos anos que na realidade não fosse um Secretário de Estado do Ministro das Finanças. Porque o Poder Central sempre achou que o financiamento pedido acontecia "por um exagero dos médicos, esses despesistas", e não porque os doentes simplesmente o pediam.
A população envelhece, a saúde é cada vez mais cara, a saúde privada chama sempre com um apelo monetário - e de melhor qualidade de vida - incontornável. A resposta ouvi-a da voz de Alexandra Leitão vai já para uns anos: "É preciso muito mais médicos". E assim teremos que médicos no SNS? Não os melhores, claramente, mas os abaixo do percentil 50, apenas e só. Os melhores não.
Nos últimos 30 anos o PS foi Governo em 22. Falando do último Ministro da Saúde PS, Manuel Pizarro, se ser ministro se pudesse comparar a um casamento o mesmo poderia ser anulado, pois eu acho que ele nunca terá consumado. Este ano que aconteceu de Ana Paula Martins pode ter dado pistas sobre muitos erros que não podem ser repetidos. Pode. Ou não.
Sim, é preciso defender o SNS, no exacto e único sentido em que é preciso defender a saúde dos portugueses. Não me venham é dizer que vai ser o PS a fazê-lo.