Louison Bobet também tinha um irmão, Jean, cinco anos mais novo. A este não aconteceu nenhum desastre para acrescentar ao drama. Sobreviveu ao irmão muitos anos e viveu para escrever sobre ciclismo e, sobretudo, para defender a memória do seu irmão. Quem quisesse ouvir a m elhor versão da história de Luison Bobet era perguntar ao irmão. Louison viria já agora a morre novo, aos 58 anos, de cancro.
O ano de 1955 começou com o Paris-Nice, e esta corrida foi dominada pela equipa Mercier de Bobet, que pode ter "guardado" a corrida para o irmão, que ganhara a primeira etapa e assim se aguentou líder até ao fim.
A Milano-Sanremo pertenceu ao belga Germain Derycke, que venceu ao sprint o francês Bernard Gauthier, fechando o pódio Jean Bobet. O irmão mais novo de Louison estava a começar bem o ano. O primeiro italiano foi Magni à frente do pelotão 26 segundos depois, Coppi, Koblet, Kubler e Fornara tinham todos sido vítimas de queda e não terminaram a a corrida.
A Volts à Flandres antecipou um pouco a data este ano. Numa das últimas rampas da prova formou-se um grupo de quatro escapadso, Louison Bobet, Bernard Gauthier, Rik Van Steenbergen e Hugo Koblet. Gauthier era um gregário de Bobet e matou-se a trabalhar, Van Steenbergen já tinha andado escapado antes, portanto no sprint final entre os quatro Bobet ganhou, o primeiro vencedor francês na Ronde. Kobelt foi 2º, Van Steenbergen 3º.
A 3 de Abril Alberic (Briek) Schotte ven cia isolado a Gent-Wevelgem, a sua última grande vitória, com mais de 2 inutos de avanço sobre um grupo de 4 onde constavam Keteleer, Impan is e Kubler.
A 10 de Abril aconteceu a Paris-Roubaix. A determinado momento um francês de 24 anos, Jean Forestier, que já no ano anterior tinha surpreendido ao vencer a Romandia, isola-se. Forma-se um grupo perseguidor com Coppi, Bobet e o francês Gilbert Scoddeler. No velódromo de Roubaix Forestier consegue ganhar isolado, Coppi sprinta para segundo poucos segundos deppis, Bobet é terceiro. Bobet protesta com Coppi - falta de ajuda, de ambição, incapacidade? Não consegui apurar se Coppi casou no México em 54 ou 55. Mas iria ter um filho na Argentina neste ano de 55. O ciclismo era só uma das vertentes na sua complicada vida. E Coppi, dito "O Camoioníssimo" e "o primeiro ciclista moderno", não conseguia dar conta completa do recado. mas ser ciclista era ainda o seu trabalho.
Uma semana depois a Zurich Metzgete ia pertencer a um suiço, Max Schellemberg. No mesmo dia começava a 4ª Euskal Bizikleta, ganha pelo aragonês José Escolano, que serviria de ante~câmara oara uma renovada Volta a España. apenas a sua 10ª edição. Terá havido um esforço adicional para que, para além de todo o pleotâo espanhol, comparecessem estrangeiros de qualkidade, e isso implicou bons contratos, prémios decentes. Esta "nova Vuelta" seria também uma forma de propaganda do franquismo. A Espanha estava organizada em duas equipas nacionais, com a equipa A a contar com Bahamontes, Loroño e Ruiz. França e Itália tinham as suas equipas nacionais, a Itália com Magni, Nencini e Martini, a França com uam óptima equipa: Bauvin, Geminiani, Dotto, Lauredi. Corriam ainda equipas do Benelux, as Suiça e da Grã-Bretanha, e várias equipas reguionais espanholas. A batalha desenhava-se entre franceses, espanhóis e italianos. O francês Bauvin ganhou as duas primeiras etapas, nas montanhas vascas, começando e terminando esta Vuleta em Bilbao ao ser o jornal organizador vasco. Logo atrás do francês Bauvin perfilaram-se Bahamontes e Loroño. Na 3ª etapa, que terminava em Pamplona e tinha as últimas montanhas desta 1ª parte da corrida, Loroño distanciou Bauvin, com Geminiani pendurado na chegada a recpuerar tempo. Bahamontes queixava-se de um joelho e perdeu muito tempo. Numa escapada dias depois Gemiiniani ganharia a amarela a Loroño. Na etapa 10 uma fuga daria a Jean Dotto a amarela (era amarela a camisola). Loroño e Geminian i estavam agora a 5 minutos de Dotto, Bahamontes saíra do top 10 onde também não havia nenhum italiano, Fiorenzo Magni apenas interessado em ganhar etapas e assim arrecadar prémios monetários.Dotto e a França controlaram o resto da corrida, Loroño não conseguiu impor-se na pouca montanha que restava e terminou em 4º, Geminiani foi 3º, em 2º um espanhol de uma equipa regional, Antonio Jimenez Quilez, que participara na fuga decisiva da etapa 10 e depois resistira melhor do que os restantes ao desgaste de uma corrida que, apesar de tudo só oferecia 15 etapas.
Enquanto a Vuelta voltava à vida, outra parte do pelotão internacional fazia o Roma-Mapoles-Roma, que Bruno Monti voltou a vencer, sendo Coppi terceiro. O Paris-Bruxelas repetia a vitória de Marcel Hendricks. O "Fim-de-semana das Ardenas" vou Stan Ockers começar a desenhar o seu ano de 55 vencendo destacado a Fléche Wallone. No dia a seguir voltou a destacar-se desta vez com Impanis, e ter-lhe-á prometido a prova, onde Impanis já fora segundo mais do que uma vez... mas não cumpriu. Ockers repetiu assim a proeza de Kubler.
Chegará agora o momento do Giro, o primeiro desde a guerra sem Bartali. Coppi tinha 36 anos, Magni 35. Voltavam os suíços Clerici e Koblet, que tinham dominado o estranho Giro de 54. Uma equipa de espanhóis era liderada por Bernardo Ruiz, numa de holandeses aparecia Wagtmans. A equipa francesa que dominará a Vuelta apresentava-se agora aqui com Dotto, Geminiani e Lauredi. Dos outros italianos Fornara já tinha 30 anos e a sua especialidade pareciam ser as provas de uma semana. E havia um jovem na equipa de Fornara que dava pelo nome de Gastone Nencini. Havia ainda uma equipa belga, para ganhar etapas, onde aparecia um neófito de 21 anos, Rik Van Looy.
O Giro não foi tendo etapas decisivas. Na 10 num circuito que posteriormente seria utilizado no Mundial, Bernardo Ruiz ganhou ao sprint a Fornara, chegando pouco depois Geminiani, Nencini e Monti. Monti vestia de rosa mas na etapa 12 na subida para Saccano, destacaram-se Nencini, Geminiani e Astrua. Geminiani vestou a rosa com 2 segundos de vantagem sobre Nencini. No contra-relógio que era a etapa 15 Nencini passou para 1o com 43 segundos de vantagem. atrás aparecendo Magni e Coppi, que tinham corrido discretamente todo o Giro, com menos de 2 minutos de distância. Il tappone, corrido na etapa 19, foi vencido por Jean Dotto, atrasado na Geral, chegando os favoritos mais de 2 minutos depois Na etapa 20, Magni decidiu que ia ganhar o Giro. Sabendo que a estrada estava em mau estado, usou pneus adequados, combinou a coisa com Fausto Coppi e, a 160 km da meta, arrancaram. Nencini perdeu aqui mais de 5 minutos e a rosa. Magni ganhava o seu terceiro Giro, com Coppi 2o e Nencini e Geminiani logo a seguir. De referir o 8o lugar do espanhol Salvador Botella e o discreto 10º de Hugo Koblet.
Acabado o Giro, começava o caminho para o Tour. E Louison Bobet, vencedor dos 2 Tours anteriores e Campeão Mundial em título, fez o seu caminho correndo e ganhando. Primeiro foi a Volta ao Luxemburgo. Bobet ganhou duas etapas e a Geral, à frente dos Luxemburgueses Ern zer e Gaul. Depois foi ao Dauphiné ganhar três etapas e a Geral, incluindo o contra-relógio. Bobet por 9 minutos entre si e o 2º classificado, num pelotão predominantemente francês. Este ano começara no mesmo dia do Dauphiné a Volta à Suiça. E aqui os suiços tiveram boa réplica de uma equipa belga onde estavam Jean Brankart e Stan Ockers. Koblet acabou a ganhar a Geral na última etapa, um contra-relógio, onde só foi segundo atrás de Brankart por 5 segundos mas ganhou 5 minutos a Ockers. Na Geral portanto ficou em 2º Ockers, em 3º C lerici, o 4º foi Kubler e 5º Brankart. Esta foi a última vitória importante da carreira de Koblet
E chegámos ao Tour. A equipa francesa apresentava o laureado Bobet como o seu nº 1 (e da corrida, já agora), arroupado por muito boa gente: Dotto, Geminiani (ambos já tinham corrido Vuleta e Giro), Forestier, Malléjac, François Mahé, Bernard Gauthier, Antonin Rolland, o irmão Jean Bobet e um novo rolador de qualidade, Andre Darrigade. A equipa belga, em parte saída da Volta à Suiça, apresentava o "constante" Constan Ockers e dois jovens, Brankart e Adriaensens, para além de Impanis, De Bruyne e Van Steenbergen. A Itália apresentava Astrua, Fornara, Monti e Agostino Colleto, ou seja os três primeiros italianos no Giro, Nencini, Coppi e Magni, não compareciam. A Espanha aparecia com Loroño, o espanhol que melhor se portara na Vuelta e Botella que fizera top 10 no Giro.Os holandeses voltavam a apostar em Wagtmans. Havia uma equipa inglesa onde era de notar um bom corredor, Brian Robinson. A equipa suiça apresentava Kubler como cabeça de cartaz. O jovem luxemburguês Charly Gaul comandava uma equipa de luxemburgueses, alemães e australianos que o prórpio dizia equivaler a 2correr sózinho". Finalmente nas equipas francesas regionais ficavam os veteranos Robic, Teisseire e os irmãos Lazarides, bem como a surpresa do ano anterior Bauvin.
A primeira etapa foi ganha pelo espanhol Miguel Poblet E assim aconteceu a primeira camisola amarela vestida por um espanhol. Poblet já tinha 28 anos e quase só correra na Catalunha. Agora estava a começar uma carreira internacional muito atípica para os corredores espanhóis dos anos cinquenta: era um bom sprinter e também um puncheur, viria a ganhav etapas, clássicas, coisas onde os espanhóis habitualmente não contavam. Quando se chegou à etapa 8 - os Alpes - a amarela estava com Wim Van Est, com Antonin Rolland a 25 segundos, estando os favoritos, resultado do jogo das fugas nas etapas anteriores, a vários minutos, eg Wagtmans a 9, Bobet, Fornara e Robic a 13... A etapa do Galibier deu a vitória a Charly Gaul por... 13 minutos e 47 segundos. Rolland defendeu-se bem, Gaul era agora 3º a 10 minutos, com Bobet logo atrás. Na etapa 11 subiu-se o Mont Ventoux, com descida depois para Avignon. Bobet ganhou a etapa, ficando dentro do minuto de sitância na etapa Brankart, e três italianos, Fornara, Coletto e Astrua. O jovem Gaul ficara a 6 minutos na etapa. Gaul não corria bem com o calor. Mas outros corredores portaram-se pior. Malléjac desfaleceu na subida. Caído no chão continuava a pedalar no vazio. Kubler perdeu imenso tempo e ao entrar numa cafetaria para se rabastcer mas ao sair enganou-se no caminho. Ao fim do dia desistiu dizendo aos jornalistas falando na 3a pessoa: "Ferdi está velho, o Ventoux matou Ferdi." Rolland mantinha-se de amarelo mas à condição. Chegados aos Pirinéus Gaul ganhou a etapa do Aspin e do Peyresourde mas com distâncias mais modestas e, dpois, na etapa para Pau que passava pelo Tourmalet, Brankart, Bobet, Gaul e Geminiani chegaram isolados mas juntos à meta. O contra-relógio da etapa 21 foi ganho por Brankart e despachou Rolland do 2º lugar para 0 5º. A última etapa, com chegadsa a Paris foi ganha por,,, Miguel Poblet, à frente de Andre Darrigade. Bobet ganhara o seu 3º Tour á frente dos jovens Jean Brankart e Charly Gaul. Geminiani fòra 6º, fazendo top 6 nas 3 Grandes Voltas que correra em 55. Stan Ockers foi 8º e ganhou a Classificação por Pontos. Soube-se à posteriori que Bobet correra parte do Tour com muitas dores por feridas provacadas pelo selim, "saddle sores2 fica mais elegante. Viria a necessitrar cirurgia e a sua recuperação foi muito lenta. Não viria a correr como antes?
Em Agosto o Mundial de Estrada iria acontecer no circuito de Frascati, perto de Roma, onde tinha acontecido uma etapa do Giro. A meio do percurso formara-se uma fuga de ilustres a saber: Anquetil, Derycke, Roland, Jempy Schmitz, Fornara. Ockers decide apamhá-los e consegue. E pouco antes do fim arranca para ganhar. A completar o pódio ficaram o luxemburguês Jempy Schmitz e o belga Germain Derycke. Stan Ockers nascera há 35 anos perto de Antuérpia. Era um ciclista esforçado, popular, próximo do público, o seu nome, Constant, coincidia com a sua prestação nas Grandes Voltas, 10, qie sempre terminou, 8 Tours e 2 Giros, o pior lugar sendo o 1o Tour em 48, trrminando 11o. Stan Ockers foi o herói de juventude de Eddy Merckx. E desta vez não traira Impanis.
Caminhávamos agora para o Outono e com as principais figuras desaparecidas. Coppi tinha muito com que se preocupar fora da estrada. Casara-se no México, ia ser pai na Argentina. Bobet estava diminuido palas suas feridas provocadas pdelo selim. Os suiços Kubler e Koblet, estavam a despedir-se da ribalta. Kubler tinha 36 anos, Koblet 30. Koblet, como diziam rivais e amigos, subia cada vez pior nas montanhas, devido a uma "condição" ou "doença" misteriosa que nunca se apurou qual era. Kubler retirar-se-ia em 56, de alguma forma na idade certa, mas Koblet... o "pédaleur de charme" que se penteava antes de chegar à meta, conduzia carros de alta cilindrada e levava uma vida social e pessoal confusa, estava em maus lençois. Os novos eram Nencina, que fizera pódio no Giro, Gaul e Brankart que completaram o pódio do Tour. O fenómeno Anquetil por enquanto só ganhava contra-relógios.
E Anqurtil voltou a ganhar o GP das Nações de 55. O GP de Lugano caiu para o suico Rolf Graf, seguido de Aldo Moser (irmão mais velho de Francesco Moser) e Brankart. O Paris Tours pertenceu a um francês, Jacques Dupont, com o belga De Bruyne em 2º. De Bruyne repetiu o 2º lugar na Lombardia atrás do italiano Cleto Maule. Coppi, que em Setembro fizer a sua última vitória isolado no Giro del Appennino, voltou a ganhar o Trofeo Baracchi com Filippi, à frente de Brankart e outra novidade belga, Marcel Janssens.
O ano fôra de Bobet e Ockers, portanto. Ockers vencera o Challenge Desgranges-Colombo Magni ganhara na ratice o seu terceito Giro. Magni retirar-se-ia em 56, ainda competitivo ao contrário de Coppi que se continuaria a arrastar pelas estradas até 59.