Querida Cláudia:
Sempre foste para mim um mistério. Como eras tu possível?
A tua bondade parecia sem fim! E ao longo dos dias - quando te conheci em 82 - dos meses e anos - no curso, em Lisboa, numa vida e nas tuas várias opções profissionais, sem fim parecia ser o teu bem querer!
Mas - ah! oh! - sempre desconfiei, sempre duvidámos, não podia ser assim, este ou aquele sofrimento, um que outro nó górdio de maldade dura pela frente devia fazer recolher e esconder-se o ser formidável, calar a voz que sempre interrogava, para um bem Maior. Mas não.
Desisti. Serias como eras. E até o entusiasmo de ver os teus pais em consulta - há tanto tempo terá sido que se calhar o sonhei - de forma a melhor te estudar (através deles) eu perdi.
Ultrapassas-me, Cláudia. Sempre foi assim. Mesmo na primeira vez que falámos no 79 e tu desceste no Marquês.
Temos falado ao telefone. Covid. A tua Mãe muito mal, o teu Pai um pouco menos. Agradeces-me a chamada.
Não sabes, no meio do terrível falar que entre nós acontece ao telemóvel, o bem que me faz, por milagre, ouvir-te (sim!) rir.
Porque o teu perene riso cristalino - sim, a padaria chamava-se Cristal - foi para mim, todo este tempo que admirado te conheço, um mistério ainda maior.
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