Hoje a Sara Sofia voltou a cortar o toro de pescada congelada em quatro no Pingo Doce onde fui fazer compras com a minha mãe. Não era a primeira vez.
Aprendi o seu nome a semana passada. Também estava na peixaria, dessa vez pesando e preparando duas douradas e um robalo para nós. A minha mãe tratou-a pelo nome e ela sorriu um sorriso aberto: "Pensei que não me reconhecesse!" "Então não? Estás igual?" "Estou nada!" E para a colega do lado disse da minha mãe: "Esta senhora foi a minha mestra! Fizemo-la passar uns maus bocados!" "Queria eu voltar a esses tempos!", respondeu a minha mãe. "E reconheceu-me! A mim que já tenho 37!" E sempre o sorriso aberto, enquanto escamava e estripava o peixe.
A Sara Sofia quando novinha, foi-me depois contado, não queria muito ou quase nada com os estudos! Era conhecida pela "Boca de Riso". Deixou a escola e enrolou-se com um rapaz que não era do agrado da família. Desempregados os dois chegaram a arrumar carros. A minha mãe viu-a um dia entrar num supermercado com um saco cheio de moedas e sair pouco depois com uma nota. Tem dois filhos e agora trabalha na peixaria do Pingo Doce e tem um sorriso tão aberto... embora os olhos, cheios de memória, desçam até ao chão.
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