Como às vezes me custa percorrer as ruas de Ovar! Terra de pequena gente, sem heróis do mar nem génios da escrita, vale por um todo que está muito para além do azulejo. Ovar cresceu lentamente, desde o possível senhor godo que a inventou - os godos têm efectivamente as costas largas - até hoje. Ovar vive de um tripé que é o mar, a ria e a terra, o Furadouro, a Ribeira e S.João, estando a Vila no meio para comerciar tudo. A Vila que terá vivido os seus tempos áureos quando o seu mercado era pela centro afora, cada praça ou largo com a sua especialização. Muitos ainda sabem onde é (era) a Praça das Galinhas. Os anos da (má) construção vieram porém destruir a harmonia quase toda. Os Campos, o Calvários, as Ribas, a Rua da Fonte, a Rua dos Lavradores, não há um pedaço de Ovar onde não tenha crescido um mamarracho. Ou dois ou três, que o medo à solidão também acontece ao que é muito feio.
Recentemente criou-se o Parque da Cidade. Tarde veio e um pouco desirmanado - percebe-se que o arquitecto Sidónio Pardal terá vindo a Ovar só para tirar as medidas e não para pensar como podia fazer do parque algo DE Ovar. Daí este Parque da Cidade ser uma fotocópia em ponto muito reduzido do que há no Porto, sem qualquer variação. Bom, ainda bem que se fez, pronto!. No parque, para poente, vêem-se as traseiras das casas da Rua da Fonte, pequenas, simples, assimétricas.
De Ovar gosta-se mais se vista pelas costas...
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