quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Filho!

É engraçado como hoje ainda circulam na minha cabeça bocados da peça de fim de curso da Catarina, a chamada PAP. Para dar um exemplo lembro o momento em que um dos rapazes/actores, mostrando uma fotografia, contava de, na praia, a sua mãe ter olhado para ele, pequeno ainda, e ter dito: "Filho!", "Só isso!", rematou. Na realidade há palavras maiores do que outras.
  
Quem me conhece há mesmo muitos anos sabe que eu usava um fio de ouro ao pescoço (ou ao peito, como preferirem). Desse fio pendia uma medalha de S.Cristóvão, que me fôra oferecida pela minha mãe premonitoriamente bem antes de eu tirar a carta. O fio, nas voltas da vida, desapareceu. Porque o mundo às vezes confirma o formato deste planeta em que vivemos, pedi à minha mãe hoje se tinha alguma pequena medalha ou outra coisa similar, sei lá, para pôr num fio. Ela, que vai para aí uns trinta anos vendeu o grosso das suas riquezas porque os tempos não eram fáceis e havia um filho na faculdade, procurou um pouco, procurou, e depois num repente tirou uma pequena cruz que tinha ao peito (ao pescoço?) e deu-ma para as mãos: "Oh, mãe?". "Isto tudo vai acabar por ser teu, filho!". Lá estava a palavra mágica, poderosa, a terminar. Mãe, eu percebi bem o que querias dizer: aí por Ovar sempre foi tudo... meu! Amo-te.

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