A melhor coisa que te aconteceu foi ficares desempregado. Não vou elaborar sobre como ficaste desempregado.
Foi um processo lento. Bastantes anos depois e muito trabalho depois, porque trabalhaste "clandestino" muitos anos, a tua vida ganhou um equilíbrio entre as coisas que tu fazias fora de casa, compras, trabalho ou apenas dares um giro, com os teus compromissos em casa, onde a Mãe ainda muito tempo trabalhou como "mestra", depois não, ficando um pouco "vazia", mais vulnerável. Foi aqui que, tarde embora e em circunstâncias que tu pouco controlavas, tu foste timoneiro. A casa eras tu que a fazias andar para a frente.
Em 2010, quando me separei, procurei-te primeiro a ti. Encontrámo-nos, cúmplices, nas traseiras da biblioteca. Menti-te quando tentaste adivinhar o porquê. Preparámos a notícia. Correu bem.
Finalmente via eu em ti uma vida correcta, Quando ia a Ovar era para estar contigo. Falava contigo. À Mãe apenas retorquia, a minha conversa com ela ainda por recomeçar.
Não que em Ovar nos acontecessem grandes conversas. Nunca foi assim. Dois jovens animais, um dos quais tua neta, ocupavam toda a atenção e tempo.
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