sexta-feira, 11 de outubro de 2024

As palavras cruzadas, uma barbearia e o Líbano.

Fui visitar ontem a minha mãe. Por fragilidade e idade está neste momento num Lar. Lemos o Jornal de Notícias, fizemos as palavras cruzadas. Eram de dificuldade intermédia, 3 em 5, assinalava ao lado. A minha mãe contribuiu com palavras complicadas como "patamar" e "criatura". Aprendi o que era um crepúsculo matutino - pensei que só acontecia no fim da tarde, afinal a definição é outra, diferente da minha. Talvez o meu anglicismo me levasse a apenas traduzir "sunset", reduzindo.

Mas o crepúsculo vespertino, vivido ao chegar a casa, lembrou-me que tinha uma televisão à minha espera. E que a televisão ia-me oferecer, se ligada, por horas a fio a maldade do mundo. Na Penha de França um rapaz matou três pessoas por não ter acontecido um corte de cabelo. Quatro, uma das pessoas estava grávida. Tinha consumido cocaína antes, será atenuante. Refugiado em casa de um tio, foi entregue pelo pai à Judiciária. Resume-se assim: "foi a droga". Maior droga é o poder, faz-se tudo para o manter. Assim Benjamin Netanyahu, 44000 mortos o rodeiam, em Gaza, no Líbano, na Síria, ele mandou-as matar para se manter no poder. Não o poder de decidir quando cortar o cabelo, mais. Muito mais. É esta a única explicação. O massacre de 7/10 o esplêndido pretexto. Sim, o Hezbollah guarda mísseis entre a cozinha e a sala de jantar em muitas casas insuspeitas. Mas, orque apareceu o Hamas, porque acontece o Hezbollah? Preso o assassino do barbeiro Pina muitos dirão: "É matá-lo!". Netanyahu tem vários esquemas de defesa que tornam essa hipótese (para ele) impossível. Um chama-se Iron Dome, os outros não me lembro. Biden ligou-lhe: "Bibi, what the fuck?" 

A minha mãe adivinhou, com metade das letras por saber, que "indivíduo" podia ser "criatura". Netanyahu é mesmo uma criatura filha da puta. Não me lembro de outra pior.


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