sexta-feira, 7 de julho de 2017

Pedrógão Pequeno.

Os nomes das terras têm destas coisas. Pedrogão Pequeno existe e não ardeu. Fica do outro lado do Zêzere e da barragem do Cabril, esse precipício de cimento que se vislumbra da IC-8. Pedrógão Pequeno não ardeu mas ainda vai a tempo, o cenário o mesmo, pinheiro e eucalipto por todo o lado, aldeias pequenas e dispersas a interromper a monocultura da celulose.
 
Volto a escrever sobre isto porque Pedrogão Grande já está a passar para o esquecimento da história, lenta mas decididamente. Temos a anedota de Tancos, uns quilómetros para baixo, o cansaço de Guterres com Chipre, outras coisas virão e Pedrogão passará finalmente aos livros das estatísticas, "o incêndio onde morreram mais", "o incêndio onde, etc.".
 
Morrer solteiro ou solteira deve ser uma tristeza muito grande, por isso se diz da culpa quando não se encontra sujeito para ela. Não vou discordar, até porque esse mal não me aflige - o de solteiro morrer... numa canção do Variações era porém um lindo verso.
 
Hoje, sete de Julho, digo que já devíamos ter um novo Ministro da Agricultura porque o anterior, Capoulas Santos, se devia ter demitido logo, cabeça de casal de décadas de má gestão das terras portuguesas e do seu coberto vegetal, de conivência com as celuloses, resultando ultimamente em dezenas de mortes. Nunca ouviram de mim uma boa palavra sobre o Jorge Coelho mas, quando uma ponte caiu, ele soube o que fazer. Por outro lado, os comandos da GNR ainda são os mesmos. Os nacionais, os distritais. E, no entanto, foram operacionais da GNR que, por não saber lidar com estas situações extremas mandaram (algumas dezenas de?) pessoas para a morte certa. A expressão "homicídio por negligência" vem-me à cabeça. Situações extremas que se vão repetir, um dia desses, quem sabe, em Pedrogão Pequeno. 
 
Não é Pedrogão que é pequeno afinal, é Portugal inteiro. E outro Presidente da República concordaria comigo. 

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