Após três semanas sem cartão novo da Ordem e cansado de manuscrever receitas decidi tentar usar para o mesmo efeito o Cartão do Cidadão, com o sucesso esperado: fui informado que ele estava bloqueado. Um bloqueio virginal e profilático, assumi, pois para este fim nunca fôra usado. Percebi que o desbloqueio implicava deslocar-me a uma Loja do Cidadão e assim fiz.
Na rifa eu era o D0099. O segurança, uma simpatia, informou-me que só faltavam quatro números.
Sentei-me. No ecrâ aparecia o 96. Três! Ia ser rápido. Esperei. Dez minutos depois apareceu o 95. E depois o 94. À volta da funcionária que em princípio me iria atender apercebi-me de um movimento algo estranho. O Shopping Arrábida permite através de uns placards informativos que se possa passear e ver montras enquanto as rifas vão correndo. E há uma tolerância de três números, três! O parvo era eu que estava ali sentado. Já íamos em quarenta minutos e o 96 tinha passado a 94. Estava a ver o caso mal parado. Quando achamos que as coisas já não estão bem sempre aparece uma grávida com um carrinho de bebé. Podia só vir a grávida ou só o bebé no carrinho. Não, a coisa tinha que acontecer em dose dupla. Não consegui ter a certeza sobre se o carrinho incluia mesmo um bebé lá dentro, o que para o caso é secundário. A fertilidade tornou-se aos meus olhos subitamente o mais odioso dos empreendimentos. Até porque a grávida levava família anexa e parecia ter muitas dúvidas. 'Da-se!
Abriu entretanto outro guichet, saltou rapidamente para o 97 e o 98 e fui chamado. O meu Cartão de Cidadão não estava bloqueado, nunca o tinha activado, essa é que era essa. Simpático, bem disposto, eficiente o funcionário que me atendeu. Cidadão mais do que activo, "activado", saí da Loja do Cidadão do Arrábida em paz, até contente. Onnde se fecha uma porta ou aparece uma grávida, sempre se abre uma janela ou um novo guichet. Ergo...
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