terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Outros poetas mas agora quinze (chegamos assim aos 68!).

Estes poetas compõem o resto dos anos sessenta ou já entram pelos anos setenta adentro. Uma parte importante deles incorporou o grupo Poesia 61, muito jovens ainda. A narrativa da poesia portuguesa escrevia-se na resposta aos excessos de discurso da Poesia Experimental,  a Poesia 61 no meio, uma ditadura perto do fim. No fim sobraram os Poetas e foram uns quantos. E bons.



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ERNESTO SAMPAIO (1935-2001)

"É uma planta que continua a florescer depois de ter sido arrancada" Assim falava Ernesto Sampaio da morte da esposa e companheira de uma vida, ocorrida um ano antes da sua, a actriz Fernanda Alves. Mas não vamos resumir a isto a história deste poeta do surrealismo, também tradutor, excelente fotógrafo, teórico, jornalista. Foi antologiado por Herberto Helder. Das escolhas deste retiro um extracto.


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(...) Ser absolutamente consciente - eis o primeiro objectivo. Eis a condição especiosa e teatral para ultrapassar a nojenta situação de ser condicionado, fantoche do Bom e do Justo, imundo agente dos sentimentos, dos juízos, da luxúria, do temperamento "humano, demasiado humano". "O homem é uma coisa que deve ser ultrapassada" (suponho que esta afirmação é de Nietzsche), esta é a primeira aquisição a purificar a nossa vontade, o primeiro esboço terrivelmente inquieto de um sangue destinado a ser livre ou, pelo menos, a tentar sê-lo até onde o permitir a sua resistência à força da dor.



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M. S. LOURENÇO (1936-2009)

Pai do helenista Frederico Lourenço, filósofo e professor de filosofia antes do mais, escreveu poesia também com um pé de partida no surrealismo mas depois... foi-se embora! Para não desirmanar do texto acima e por pouco conhecedor do poeta em questão, transcrevo sim um texto seu sobre o Cacém.


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(...) Mas é para noroeste que o amontoado disforme do Cacém se ergue, a estação do caminho de ferro em baixo, com os seus armazéns adjacentes e, subindo agora a colina, a policroma fachada do aborto urbanístico e arquitectónico que incessantemente despeja sobre a estação os seus infelizes cativos, em direcção a Sintra, a Lisboa, ou à Linha do Oeste. Seria fácil de confundir com um outro armazém da estação do comboio um conjunto de barracas pré-fabricadas, do lado esquerdo, já inserido na vila, se não fosse o número de adolescentes que afanosamente entram e saem das barracas e num pátio à frente gozam a sua pausa, entre duas aulas. Trata-se afinal de uma das muitas escolas secundárias do Estado, improvisadas, provisórias, definitivamente repugnantes, na qual em princípio se terá de proceder à educação média dos pequenos cidadãos do Cacém. No seu conjunto, estas escolas já deixaram de ser designadas por liceu, por, talvez num esforço de congruência estilística, um ministro ter achado irreconciliável a discrepância entre a alusão a Aristóteles, que o nome «Liceu» sempre implica, e a confrangedora situação física oferecida. (...)



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JOSÉ CARLOS ARY DOS SANTOS (1937-1984)

É necessário esquecer muita coisa para chegar à poesia de José Carlos Ary dos Santos. Esquecer a desfolhada, a bandeira do PCP sobre o caixão, a voz rouca a declamar, a imagem televisa. Muita poesia é apenas fácil, alguma aqui e ali é bem boa.


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HERÓI



Herói é quem num muro branco inscreve
O fogo da palavra que o liberta:
Sangue do homem novo que diz povo
e morre devagar de morte certa.
Homem é quem anónimo por leve
lhe ser o nome próprio traz aberta
a alma à fome fechado o corpo ao breve
instante em que a denúncia fica alerta.
Herói é quem morrendo perfilado
Não é santo nem mártir nem soldado
Mas apenas por último indefeso.
Homem é quem tombando apavorado
dá o sangue ao futuro e fica ileso
pois lutando apagado morre aceso.


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MARIA TERESA HORTA (1937- )

Muito nova foi uma das "Três Marias" que publicaram as "Novas Cartas Portuguesas" e pouco depois participou na Poesia 61. Também jornalista, mais recentemente romancista. Poesia lírica, sensual. Casada desde os 17 anos de idade. Recusou receber o Prémio D. Dinis de 2011 das mãos de Pedro Passos Coelho.


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A VAGINA


É cálida flor
E trópica mansamente
De leite entreaberta às tuas
Mãos

Feltro das pétalas que por dentro
Tem o felpo das pálpebras
Da língua a lentidão

Guelra do corpo
Pulmão que não respira

Dobada em muco
Tecida em água

Flor carnívora voraz do próprio
suco
No vertre entorpecida
Nas pernas sequestrada



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FERNANDO ASSIS PACHECO (1937-1995)

Terá morrido à porta de uma livraria e em sua casa não havia televisão. Por todos conhecido como jornalista no Jornal e no Se7e, chegou a colaborar na RTP. Escreveu um bom romance como homenagem ao seu avô da Galiza, "Trabalhos e Paixões de Benito Prada". Mas a sua poesia, a sua poesia... é tão Grande! Menos mal que houve o Fernando Assis Pacheco!


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MAS AGORA QUE VAI DESCER A NOITE NA MINHA VIDA


Triste de mim mais triste que a tristeza
triste como a mão que segura o copo
como a luz do farol esgaçando a névoa
triste como o cão manco
deixado na estrada pelos caçadores

triste como a sopa entretanto azeda
mais triste que a idiotia congénita
ou que a palavra ampola

triste de mim triste e perdido
entre duas ruas
uma que vai para o Norte outra para o Sul
e ambas cortadas aos peões
que não cooperam devidamente
(com este governo de merda é claro)

triste como uma puta alentejana
num bar de Ourense
que me viu à cerveja e lesta
me chamou compadre
vozes que a gente colecciona

a tarde triste os anos tristes
a grande costura da tristeza
do esterno ao baixo ventre

triste e já sem nenhum reparo
a fazer à metafísica
senão que é um défice
porventura 

do córtex cerebral



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ALBERTO PIMENTA (1937- )

Melhor a escrever do  que em intervenção televisiva. Mas performances como o fechar-se numa jaula no Zoo de Lisboa ao lado dos macacos com o letreiro "Homo sapiens" fizeram história, pelo menos portuguesa. A sua obra não é só o "Discurso sobre o Filho-da-Puta". E também não é só provocação ou experimentalismo.


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A SITUAÇÃO DA OVELHA


a ovelha vive em rebanho
e sente-se orgulhosa
(excepto, claro, a ranhosa)

a ovelha produz a lã,
em troca tem o sustento
e já não precisa de
passar a noite ao relento

é guiada pelo cão-pastor
e governada por pelicanos
e outros moradores dos céus
que lhe têm um grande amor
e lhe pedem o seu voto
por favor ou por amor de deus:

vota TETRÁS
          o que melhor te leve (e te trás)
vota ROLA
          a única que não te enrola
vota SANTÍSSIMA TRINDADE (símbolo POMBA)
          sempre são três
não votes MAL
          pensa no que diz o cardeal
vota CATATUA
          sempre é a tua

A ovelha entrega o boletim dobrado em quatro
e por hábito pergunta: - Quanto é?
- A nossa democracia assenta no voto gratuito -
diz o presidente da mesa.



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JOSÉ AUGUSTO SEABRA (1937-2004)

Home do Alto Douro, preso e exilado, voltou a Portugal em 74. Foi Ministro da Cultura pelo PSD de Mota Pinto no Bloco Central. No mais tempo andou por fora, entre outras coisas um erudito pessoano. Lembro-me de não penetrar bem na sua poesia antologiada na 4ª série das "Líricas Portuguesas" pelo Ramos Rosa. Mas este poema abaixo Vale.


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Nem nos defende a ausência:
é o reversoSabemos todos já bem a ciência
da traição que se oculta a cada verso.

Nem nos salva a desculpa
de anoitecer, poetas:
por cada mea culpa,
apontam-nos a morte noutras setas.

Ficar nem chega. Ou ir
ou sepultar-nos.
Foge-nos o tempo já de decidir
Sequer suicidar-nos.

Abem ou mal, poetas.
Liberdade
só esta que sorri por entre as frestas
hesitante do peso da verdade.



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FIAMA HASSE PAIS BRANDÃO (1938-2007)

Parte também do grupo Poesia 61, foi dos poetas deste grupo aquele/a que melhor depurou a sua escrita e conseguiu chegar a uma poesia essencial, da palavra pouca e da efusão contida.  Ligada também ao teatro. Praticou também a prosa.


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EPÍSTOLA PARA OS MEUS MEDOS


Sois: os sons roucos, a esperança vã, uma perdida imagem.
O coração suspende o seu hálito e os lábios tremem,
sinto-vos, vindes ao rés da terra, como ventos baixos,
poisais no peitoril. Sois muito antigos e jovens,
da infância em que por vós chorava encostada a um rosto.
Que saudade eu tenho, ó escuridão no poço,
ó rastejar de víboras nos caniços, ó vespa
que, como eu, degustaste o figo úbere.
Depois, medo maior foi a presença e a ausência,
a alegria e as dores de outros que não eu.
E um dia, no alto da catedral de Gaudí,
chorei de horror da Queda, como os caídos anjos.



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ARMANDO DA SILVA CARVALHO (1938-2017)

Esqueceram-se de me avisar que tinha morrido o Armando da Silva Carvalho. O primeiro livro dele chamava-se "Lírica Consumível". O inesperado, a ironia, o sarcasmo desmontam a poesia deste autor. O livro premiado "O Amante Japonês" era dedicado ao seu carro. Seria um Toyota?


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Mas quando vi de novo o teu perfil
Em Campo de Ourique
Eu ergui nos ares a vitória antiga
Vivida tantas vezes em noites de álcool
E contigo à espera numa escura
Esquina.

Quem não conhece o amor que não critique
A boca não se perde em lábios grossos
O sexo não se leva a passear como um podengo.

Contigo à minha espera
No silêncio metálico da polícia
O mundo revivia devagar e nem se ouvia
O dia deitava sobre ti a luz imperturbável do milagre
E o desejado que foste
Abriu no meu peito o seu regresso.



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ANTÓNIO BARAHONA DA FONSECA (1939- )

Casado que foi com a actriz Eunice Muñoz, que pensará o poeta das participações desta nas telenovelas? Outro que partiu do surrealismo do Café Gelo e da poesia experimental para Oriente. Converteu-se ao islamismo, aprendeu sânscrito, etc., etc. 


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SONETO A UM SONETO DE BOCAGE


Aproveitar o sangue, prever até à
última gota o suor da letra
e dirigir a dança que se inflitra
pé ante pé na escrita ao pé da pauta

À custa de sofrer na caverna com a
sombra cada vez mais nítida, água
pla cinta no martírio da metáfora:
não desviar da luz a sombra branca

Quando já não puder fazer o ponto
na rota do navio em que derivo
exactamente até ao pé do espírito

saiba morrer o que viver não soube
ressuscitado cada vez mais vivo
por ter vida de mais em cada morte



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LUIZA NETO JORGE (1939-1989)

O maior nome da Poesia 61 escreveu pouca poesia. "Os Sítios Sitiados" coligiram o feito em 73 e depois só apareceu póstumo o volume "A Lume". Vai de barato que da poesia escrita por mulheres neste Portugal do século XX esta é sem dúvida a mais poderosa. E que de toda a poesia que sucedeu a Herberto Helder é a única que lhe sobreviveu dialogando.


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O SÍTIO EM VISTA


Trazem as árvores insignificantes
o maior distúrbio aos ventos; arredam-nos,
alçam outros armazéns sonoros
casas de relâmpagos e de cataclismos.

Chega-se. Parte-se. Segreda-se
de seres indeterminados que movem
resistência. Pelejam mais.

E quando a sua pele se usa vence
a moda, mudança de uma árvore para a mundanal
outra árvore carregada.

Podem aliás irromper quentes florestas.
Abate-se sobre o lenhador a opulência, o triunfo
do fruto desenvolvido no seu trono
iluminado por quatro archotes de seiva.

*

Há no mundo inteiro uma, quando muito, rua
difícil de encontrar.

São os campos, gente humílima, absorta em grãos
de areia, praia inequívoca onde,
na estação tardia, os do mar se deitam.


Algumas folhas, de livros, assinalam o ponto.
Algumas cartas, de marear,
não chegam.

*


Criaturas que se reproduziam em interstícios
que se deitavam em divâs
cada vez mais estreitos

a luminosa vocação, a luminosidade
de uma terra sábia e rotunda
suplantava aqueles gritos portadores
de uma defunta órfica voz

Eram as criaturas presas 
do seu século
retraídas nos olhos mal afeiçoados

Filhos mais velhos a atentarem
em como o corpo incha e se perfaz a polpa
como o limite se delimita corpo a corpo
e engorda

Cobriam-se as folhas de uma letra hirsuta
e os mais novos sorriam como lábios
.



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SEBASTIÃO ALBA (1940-2000)

Poeta português naturalizado moçambicano mas que viveu os seus últimos anos nas ruas de Braga, onde morreu atropelado. Foi mais um marginal também da poesia a quem Herberto Helder deu uma mão.


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Quando escreve descalça-se
à entrada do poema,
encurvado cisma, inala
o flato dos fiéis.

Mas não terá huri
que lhe perfume o lingam,
lhe remova os estigmas -

escriba moroso, aquém
da rede mosquiteira,
com um pôr do sol
irresolúvel, no índico,

e telhados sob a chuva,
sob os telhados, nós
olhando as sebes
e, sob as sebes, sapos.



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A. M. PIRES  CABRAL (1941- )

Cansa que sempre que se fale deste poeta se comece por o identificar como natural e residente em Trás-os-Montes. Verdade seja dita que a primeira colectânea de poemas sai em 74 e chama-se "Algures a Nordeste". A sua escrita poética, cada vez mais clássica mas nunca abdicando do salto que sempre está na poesia Maior, salva-o da prosa, que, confesso, aprecio bem menos. Na verdade toda a sua poesia Vale.  O poema abaixo é um doutoramento em Interior, agora que está, fumegante ainda, na moda.


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PREÇO


A ira linear aqui sentada
e os seus sintomas.

Trabalhos que transbordam das alfaias,
invernos dados à carne.

Pela prenhez da terra
é muito preço.



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GASTÃO CRUZ (1941- )

O mais novo do grupo Poesia 61, nele publicou "A Morte Percutiva" com 20 anos. Homem também de teatro. Chegou a estar casado com Fiama, o que é engraçado. A sua escrita tem vindo a tornar-se cada vez menos percutiva com os anos, mas não menos interessante.


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Um ano na aventura na altitude
do mundo
fim do ano alteração do sangue
nomenclatura
mudança noite
estatura
de quem já tarde conhece a solidão
que procura.



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FÁTIMA MALDONADO (1941- )

Marginal, assumo, porque pouco consigo descobrir sobre ela. Exerceu crítica literária no Expresso. A primeira recolha de poemas só saiu em 1980. Sem concessões escreve. Se quiséssemos criar uma banda-sonora para os seus poemas ela estaria algures entre a Segunda Escola de Viena e o Speed Metal.


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EQUÍVOCO


É-se feliz quando acaba a servidão
pode ver-se outro corpo
e já não nos perturba
a paz espreguiça-se
um gato sonolento
nos pequenos oásis reconquistos.
Em incursões diárias
vão derruindo coisas
o recorte da boca, o moreno da pele,
o combate dura há tanto tempo
que cada fortaleza me é familiar
às vezes descanso nas ameias
aceito pão e vinho
o som dos tímbalos
os banhos de vapor.
Mas de manhã aperto a armadura
levanto pó e cruzo-me na praça
com cavalos sedentos
(tratadores cabisbaixos
afastam-se do sol)
na sombra reclina-se
a paz de carmesim
as ondas do veludo
naufragam-lhe nos joelhos
acena-me que pare
mas nunca lhe obedeço
e volto a arrasar
mais um dos teus refúgios.



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