quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Louvor e defesa de Rui Rio - parte dois.

É engraçado como volto a escrever nesta coisa da "Taça" estes meses depois para falar outra vez do Rui Rio. Eu sei porque não tenho escrito e vou continuar a pouco escrever mas hoje o assunto puxa conversa por isso aqui estamos, mais uma vez.
 
Outubro trouxe uma boa notícia. Qual foi? António Costa não ganhou as eleições com maioria absoluta. Agora, meus amigos, a quem o devemos? A uma só pessoa: Rui Rio. Não, não foi a Catarina, não, não foi o Jerónimo. Pode Rui Rio não fazer mais nada de jeito na vida - e o seu tempo como maioral do Porto deixou muito a desejar - mas isso devemos-lhe e é bastante. António Costa é teimoso e assim postas as coisas até lhe pode dar para governar bem. Rui Rio, um político espontâneo, directo, aberto, sem cálculo que se note à vista desarmada, venceu António Costa na campanha quase por KO técnico. Os portugueses gostam de pessoas assim e o resto foram números.
 
O problema agora é o que fazer com Rui Rio no PSD depois destas eleições meias-ganhas-mas-perdidas.
Rui Rio gosta de campanhas e notou-se. Não tem jeito para parlamento, negociações, bastidores, etc., notou-se antes da campanha. E agora? 
O PSD de hoje é um partido tão à direita como já o era no tempo de Cavaco Silva.  Novos tempos pedem se calhar que o assuma e se deixe de merdas. Rui Rio não é político de direita mas de centro, mas a palavra centro hoje provoca ódio e vómitos generalizados, e aqui está o problema. António Costa governou - não sei se repararam - quase sempre ao centro, com alguns toques à esquerda et pour cause. Como fazer oposição não sendo de direita? Este dilema afundou Rui Rio no ano e meio de liderança que foi seu até às eleições, daí não levantar cabeça nas sondagens: recebeu um partido para aí nos 20% e nos 20% arrancou para a pré-campanha, um partido que fora abalroado nas autárquicas e que tremeu forte nas europeias. Rui Rio conseguiu quase por magia inventar o slogan "o meu Centeno é melhor que o teu", que equivalia a um "o meu centro é melhor do que o teu". Não convenceu os empresários - que queriam um governo maioria absoluta PS - mas quase convencia os votantes. Não convenceu quase ninguém no aparelho do seu partido, que não é de centro mas de direita.
E agora, PSD? Se o PSD quer continuar (ou voltar) a ser do centro, é com Rui Rio que o pode conseguir - melhor aconselhado a nível parlamentar. Mas se quer assumir-se como o grande partido de (centro-) direita que foi nestes últimos trinta anos, então precisa de encontrar um novo líder. Este novo líder precisará sempre de agradecer a Rio esta campanha passada. Eu, por razões muito diferentes, agradeço. 
 
NOTA IMPORTANTE: sem o centro, ninguém ganha eleições em Portugal.

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