Não quero entrar pelo folclore de criticar o folclore da saia plissada, do GNR, de um político poder estar três dias "incontactado" ou "incontactável".
Quero sim acreditar que o Livre, ao propor em primárias o nome de Joacine Katar Moreira para cabeça de lista de Lisboa, acreditava que a Professora Joacine Katar Moreira seria capaz de desempenhar adequadamente e com o brilho que se pede a uma primeira eleição o cargo de Deputada da Nação.
Sei que mais de metade dos Deputados da Nação eleitos pelo centrão PS-PSD não são nada de jeito. Qualquer "backbencher" da Câmara dos Comuns trucidaria a concorrência se competição houvesse. Mas não querer que fosse assim implicaria a revisão do nosso mapa eleitoral - que os pequenos partidos não querem - para que cada Deputado da Nação efectivamente representasse um certo e determinado número de Cidadãos. Não sendo assim ser deputado do PS ou do PSD é fácil.
Durante anos a UDP, antepassado do Bloco de Esquerda, teve apenas um Deputado, o célebre Acácio Barreiros. Das suas intervenções pouco mais ficou do que o seu celebrado bigode.
Quero ainda acreditar que o Livre, "os Livres" que votaram em Joacine para ser cabeça de lista, cansados de quase ganhar mas sempre perder (não é, Rui?), não fizeram aquele raciocínio de "mulher+negra+gaga" = voto de simpatia = o lugar de deputado está no papo! A sério?
Joacine Katar Moreira tem um percurso, uma carreira, um discurso. Não sabiam? O ódio que suscitou logo de início, a provocação que a sua gaguez suscitou, as duas propostas interessantes que - maladroitement - trouxe para a ribalta (o jus solis na lei de nacionalidade e Aristides Sousa Mendes ao panteão), é um capital que nestes dias se perdeu completa e absolutamente.
Vi Joacine no programa da Cristina Ferreira. Portou-se muito bem! Imaginem o Rui Tavares com a Cristina Ferreira.
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