A narrativa começa com o olhar. E o que vejo? Lá em cima, perto mas em cima, frutos.
O que fazer? Leva tempo a decidir.
Os frutos possuem consistências que os individualizam. Procuro o sumo. Nuns ele sai, agradecido. Noutros não. O que rejeitar? Posso quase dizer que cada fruto tem uma personalidade que é a resistência do seu corpo à minha exploração violenta. Um copo de sumo. E mais: acertar no copo!
Os frutos são tantos! Dêm-me espaço para repensar. Eu queria contar uma história. Os frutos, sua cor, são a negação do branco onde me encontro. Espremê-los, outra vez, e desenhar. A explosão do Solanum lycopersicum uma agradável surpresa. A minha história agora está contada. Nem uma palavra sobre isto.
Já me esquecia, o sumo! Bebê-lo até ao fim. Reiniciar? Impossível. O sumo não pode voltar para os frutos que não podem voltar para as árvores. Bebê-lo com calma, pois uma vez mordida a maçã, espremido o seu sumo, que fazer? Que sobra? Não vamos discutir agora a diferença entre beber o sumo e tricar a polpa, outra história será e outro dia.
Não esquecer de vender a fruta que sobrou no fim do espectáculo.
ps: isto não foi uma performance mas sim uma história que eu inventei à volta de uma performance. Galeria Monumental, Lisboa, 19h, 8/3/2018.
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