A História da Arte habitualmente apresenta-nos um fio de narrativa que se foi construindo retrospectivamente. E assim depois do Realismo veio o Impressionismo e depois o Pos-Impressionismo, os Nabis e os Fauves e depois a explosão do Modernismo e do Cubismo. Ao lado ficam outras figuras, como ramos perdidos da espécie humana na bruma dos tempos. Assim as várias florações do Simbolismo na pintura. Com uma excepção: Odilon Redon. Contemporâneo dos Impressionistas, a sua vocação não foi tardia, mas o seu percurso e o seu reconhecimento foi. Sem dificuldades financeiras para prosseguir o seu caminho, Redon ("Odilon" porque filho de Odile) buscou activamente pintar os seus sonhos e pesadelos, como ninguém antes. Usou muito a aguarela, o pastel, a litografia. As suas cores foram depois copiadas pelos Nabis da viragem do século (Bonnard e Gauguin) e a sua imagética elogiada pelos Surrealistas de entre as Duas Guerras, vidé Max Ernst. Em paz com os seus monstros e finalmente consagrado, pintou nos últimos anos sobretudo fantásticos... vasos de flores!
O primeiro exemplo de Redon, "Les Yeux Clos", de 1890 marca um momento em que o artista volta à cor. Os olhos fechados são aqui um manifesto bem como a ilusão de onde sai o busto, estátua viva.
De bastante antes, 1878, "L'Esprit Gardien des Eaux", exemplo da sua série "Noirs" que primeiro o celebrizaram. Compreensível o entusiasmo dos Surrealistas.
Podia terminar com um vaso de flores mas prefiro este retrato do filho segundo, Ari, pintado em 1898. O motivo floral está aqui bem como toda a paz que os filhos trouxeram a Redon, resgatando-o dos seus demónios, mas não dos seus sonhos.
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