Paul Cézanne pertence ao mesmo quadro etário dos impressionistas. Nascido na burguesia de uma pequena cidade, Aix-en-Provence, privou de perto com Pissarro e foi muito próximo de Zola. A sua aprendizagem do métier foi lenta e difícil. Deixou de falar com Zola quando este o tomou como inspiração para o personagem de um pintor falhado num dos seus livros. A sua pintura era ainda mais "grosseira" e "feia" do que a dos outros impressionistas. O seu reconhecimento foi tardio, numa exposição em 1895, onde uma nova geração se reviu na sua diferença. Muita da obra de Cézanne foi conhecida aí pela primeira vez, a sua independência financeira não o obrigara expor e a vender muito, cansado das rejeições da juventude.
O quadro abaixo, "Le Pont de Maincy", é de 1879-1880 e aqui já encontramos o mundo Cézanne: a geometria tensa, uma paleta de cores restrita, aqui variando nos verdes, a composição grave do quadro. Quando dizem que Cézanne antecipou o Cubismo pensam em quadros como este.
"Le Grand Baigneur", de 1887, mostra uma gama de azuis que é de uso frequente em Cézanne. A figura do homem que hesita e pára é de uma solenidade ou tristeza ou... que se encontra também em todos os retratos de Cézanne. A vida difícil apresenta-se aqui perante nós: devemos banhar-nos nela?
Cézanne era um pintor lento, trabalhoso. Deu-nos uma forma diferente de compor o quadro e nele aparecerem as cores e as formas. A partir dele grande parte da pintura do século XX foi feita.
Um dos seus últimos quadros é este "Le Paysage Bleu" 1904-6, sílabas de cor sobrepostas numa fala que se vai sucedendo até se mostrar tudo o que o pintor, um tardio génio, vê.
Foi escrito que Picasso olhou para Cézanne e, adicionando a arte africana, criou as "Demoiselles d'Avignon".
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