Foram quatro os Óscares ganhos este ano pelo filme sul-coreano "Parasitas", realizado por Bong-Joon Ho. Quatro. Melhor filme, melhor filme estrangeiro, melhor realizador e melhor argumento original. Várias vezes na história do cinema foi dito que o futuro do cinema estava a Oriente. Ele foi o Japão de Ozu. Mizoguchi e Kurosava, ele foi o Irão e a Índia e a China, incluindo ou "excluindo" Taiwan e Hong Kong. Mais recentemente a Coreia do Sul, a Tailândia.
"Parasitas" conta a história de uma família pobre sul-coreana que consegue, progressivamente, entrar e "tomar conta" da vida de uma família rica sul-coreana. Fica logo aqui a piada, o subentendido: quem são aqui os "parasitas"? Os ricos são bonecos quase inanimados, a sua vida não lhes é própria, são caricaturas. São eles os parasitas. Talvez a Academia de Hollywood tenha adoptado este filme ao sentir-se retratada, por culpa. Os pobres são personagens de carne e osso, embora a casa onde eles vivem, uma cave, seja susceptível a mais do que um tipo de inundações. E fumigações. Nos anos setenta do século passado vi com alguma dedicação, novinho que era, a "Família Bellamy", uma série inglesa que seguia pelo nome original de "Upstairs, Downstairs". Pretendendo representar uma família britânica aristocrática - e sua serventia - entre 1903 e 1930, decorre portanto um século antes do filme "Parasitas". Na série havia alguns estereótipos mas não havia bonecos. Em fogo lento os "Bellamy" iam descendo até à vida real. Mas um século depois, ao contrário do que dizia Karl Marx, a verdadeira tragédia faz-se coreana.
O filme evolui para um final "gore" (spoiler) quando a família pobre fica sozinha na casa dos ricos que foram de fim-de-semana. As coisas começam a não correr bem. E as casas dos ricos na Coreia do Sul têm frequentemente um abrigo subterrâneo anti-nuclear, que passa a ser nuclear no desenvolver da história.
Mais não digo. Podemos ou não gostar do fim do filme, havia várias formas para fechar o mesmo depois da tese ter sido apresentada, a "tese dos parasitas".
Foi um prazer ver este filme.
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