sábado, 11 de janeiro de 2020

Caravaggio (1571-1610)

Caravaggio, cujo nome próprio era Michelangelo, viveu 39 anos intensos que têm fornecido matéria para romances, filmes, etc.
Este quadro, "A Conversão a Caminho de Damasco" (c. 1600-1), é uma segunda tentativa de abordar o tema, tendo sido a primeiraa recusada por quem encomendava. Conhecemos a primeira versão pelo que só temos que agradecer. Sáulo, em êxtase, abraça a Luz e a conversão. Mas a pintura é dominada pela soberba imagem... de um cavalo que um homem simples sujeita e acalma. O jogo do claro-escuro mais os vermelhos de Sáulo e o pastel manchado da pelagem do cavalo criam um quadro perfeito. Onde quem nos interroga é a besta.

Conversion on the Way to Damascus-Caravaggio (c.1600-1).jpg

Nicolas Poussin terá dito de Caravagio que "este homem veio ao mundo para destruir a pintura!" quando viu "A Morte da Virgem" (c.1604-6). Consta que o modelo da virgem foi uma prostituta morta encontrada afogada nas margens do Tibre (?) ou, mais prosaicamente, a amante de Caravaggio. O quadro acontece entre o vermelho e o negro, com um clarear dos tons em Maria Madalena, no canto inferior direito. Maria, vestida de vermelho, é... apenas uma mulher morta, o corpo já um pouco disforme, as extremidades arroxeadas e rígidas. Mal se adivinha o halo que a distingue dos demais. Não admira que os eclesiásticos que encomendaram a obra a renegassem prontamente. Este quadro nunca foi pendurado numa parede ou altar duma igreja. Aliás a temática da "morte" da Virgem, assunto de dogma bem mais tarde, nunca mais foi pintado.  






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