Entramos no rocaille com Watteau. Homem criado na decoração teatral, a sua pintura reflecte o artifício dos tempos mas deixa entrever a alma dos modelos. Não admira que o século XVIII tenha fascinado o cinema, vidé "Dangerous Liaisons" ou "Marie Antoinette". Watteau viveu (pouco, morreu aos 37 anos) umas décadas antes, mas a irrealidade da vida da elite francesa tem aqui o seu fotógrafo. Um dos seus quadros mais conhecidos é o "Embarque para Cítera" (c.1718), onde, entre verdes, cinzentos e castanhos, os participantes na "fête galante" partem para a ilha da Deusa do Amor, abandonando, parece, as tristezas de um mundo onde o Amor não é defendido por uma Deusa. Pintara um ano antes uma versão do tema bem mais clara... morreria 3 anos depois.
Watteau é considerado um desenhador superlativo e inovador. Isto é evidente em "L'Indifférent" (c.1717). E é também evidente ser este quadro bem um retrato dos tempos: o modelo representado esgota-se no brilhantismo do seu vestuário, da sua pose, nada mais lhe interessa.
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