Klimt aparece aqui como o primeiro pintor a não ser francês nem ter sido Paris ou a França o local do seu crescimento artístico. Klimt é o símbolo mais marcante de um tempo especial vivido por uma cidade, Viena, um tempo de prosperidade e de fausto. Klimt era um de sete filhos de um casal de emigrantes checos, o pai um ourives e a mãe uma cantora desempregada. Revelando cedo aptidão para as artes, o seu caminho começou nas artes decorativas, na companhia de, entre outros, o seu irmão Ernst Klimt.
Quando participa na Secessão de Viena em 1897, com o arquitecto Joseph Hoffmann, já é cabeça de cartaz, mas só aqui o seu estilo pessoal ganha corpo. Aquilo que desenhou e pintou nos dez anos a seguir é conhecido como a "Fase Dourada", quer pela qualidade da obra quer pelo uso frequente da folha de ouro no quadro. Muito do produzido continuava a ser "decorativo", no sentido de para decorar palácios e obras públicas, mas Klimt também se especializou no retrato. A sua obra foi também influenciada pela sua relação próxima com a sua cunhada Emilie Flöge, que era modista. A Secessão foi a resposta de Viena à Art Nouveau de Paris. Depois da "Fase Dourada" a pintura de Klimt, talvez porque entretanto tomara conhecimento de tudo o que estava a acontecer pela Europa fora, tornou-se menos decorativa, mais formal até, mas sempre com um tratamento da cor supino e uma qualidade sem reserva. Klimt é o auge de uma espécie de simbolismo austríaco mas não deixou discípulos para o século XX. Se foi um pintor moderno? A sua inventividade e originalidade sobre a tela, esquecendo a "moda" do "Beijo", atesta-o.
Faleceu em 1918 da gripe espanhola pouco depois de ter ficado inutilizado por um AVC.
O mural "Medicina" de 1901 foi destruído em 1945 pelos nazis que abandonavam a Áustria. A imagem infra é portanto fotográfica. O mural foi muito criticado pelos responsáveis da Universidade porque não viam bem no mural "onde estava a Medicina…". A imagem na parte inferior do quadro é realmente Higeia, a filha de Esculápio. O resto…
O 1º retrato de Adele Bloch Bauer é de 1907 e é o auge do "Período Dourado". De notar a atenção ao vestuário, influência talvez de Emilie Flöge.
A "Macieira" é de 1912 e mostra os caminhos de Klimt nos seus últimos anos. Já não a vanguarda que, afinal, nunca foi. Mas sempre maravilhoso.
E porque a primeira reprodução realmente não o era, e como vingança perante a depredação nazi, uma quarta e última obra, porque Klimt nunca esqueceu a mulher, as mulheres: "Duas Mulheres", 1916-7.
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