Com Kandinsky entramos mesmo no século XX. Um ano mais novo do que Toulouse-Lautrec, a sua pintura só "apareceu" quando aquele já tinha falecido. Nascido em Moscovo numa família com posses, só em 1895 abandonou definitivamente o Direito para enveredar pela pintura. Em 1896 mudou-se para Munique e começou a tomar parte nos movimentos de vanguarda da pintura que na Alemanha aconteciam em paralelo mas independentemente de Paris. O início do século XX é o tempo de explorar a cor, em França e na Alemanha. Kandinsky participou também nestes progressos. Rapidamente polarizou grupos e escolas. Dez anos depois de estar a dar aulas de Direito estava já a dar aulas de Pintura. Progressivamente a sua pintura foi-se desprendendo da realidade. A primeira aguarela completamente abstracta é de 1910 - uma data na história da pintura - mas é apenas um pequeno passo num caminhar sem fim. Em 1911 fundou com Franz Marc "Die Blaue Reiter" e em 1912 publicou "Do Espiritual na Arte", onde explicava detalhadamente as suas teorias e ideias. Voltou à Russia em 1914 devido à 1ª Guerra Mundial e participou nas vanguardas que então estavam por ali a acontecer. Derrotado pelo Realismo Socialista que aplicava um anátema à palavra "Espiritual", voltou à Alemanha em 1921 e ingressou na Bauhaus no ano seguinte. A Bauhaus trouxe uma organização nova à abstracção de Kandinsky. O nazismo fechou a Bauhaus e Kandinsky partiu para Paris em 1933. A abstracção não era a pintura do momento em Paris e o percurso da Kandinsky até à sua morte em 1944 foi o de uma solitária evolução para um trabalho onde a linha desaparecia, com justaposição de cores. Kandinsky foi reconhecido no pos-guerra, com a "morte do figurativismo" como um pintor fundamental no século XX.
A "Composição VII" de 1913 é considerada a obra-prima do 1º período alemão de Kandisnky. Também aqui, comparando com a 1ª aguarela abstracta de 3 anos antes, apercebemo-nos da evolução rápita da pintura de Kandinsky.
A "Composição VIII" é de 1923. Nota-se a influência do Construtivismo russo e da Bauhaus, no desenho geométrico que contrata com a obra de 10 anos antes.
Do ano da sua morte uma última obra com uma leveza, a tal "espiritualidade" que Kandinsky sempre procurou.
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