terça-feira, 30 de outubro de 2018

Um Amor Sublime.

80 anos é afinal a melhor idade. É a idade em que ainda podemos sonhar com o corpo coberto de rosas. Com uma luz ainda mais forte do que o Sol. O medo não desapareceu nem desaparecerá, somos muito pequenos, enchem-nos de desgostos. Temos também a idade certa para pensar em acabar com tudo, até porque já aconteceu bastante. Mas ainda aspiramos por um amor sublime. 
Tudo isto eu aprendi ontem com uma doente minha.
Falta-me ler a "Cidadela", de Saint-Éxupery.

A Sara Sofia.

Hoje a Sara Sofia voltou a cortar o toro de pescada congelada em quatro no Pingo Doce onde fui fazer compras com a minha mãe. Não era a primeira vez.
Aprendi o seu nome a semana passada. Também estava na peixaria, dessa vez pesando e preparando duas douradas e um robalo para nós. A minha mãe tratou-a pelo nome e ela sorriu um sorriso aberto: "Pensei que não me reconhecesse!" "Então não? Estás igual?" "Estou nada!" E para a colega do lado disse da minha mãe: "Esta senhora foi a minha mestra! Fizemo-la passar uns maus bocados!" "Queria eu voltar a esses tempos!", respondeu a minha mãe. "E reconheceu-me! A mim que já tenho 37!" E sempre o sorriso aberto, enquanto escamava e estripava o peixe. 
A Sara Sofia quando novinha, foi-me depois contado, não queria muito ou quase nada com os estudos! Era conhecida pela "Boca de Riso". Deixou a escola e enrolou-se com um rapaz que não era do agrado da família. Desempregados os dois chegaram  a arrumar carros. A minha mãe viu-a um dia entrar num supermercado com um saco cheio de moedas e sair pouco depois com uma nota. Tem dois filhos e agora trabalha na peixaria do Pingo Doce e tem um sorriso tão aberto... embora os olhos, cheios de memória, desçam até ao chão. 

domingo, 28 de outubro de 2018

Intro.


Encontrei uma coisa nova. Não estava e não estou preparado para ela, a coisa nova. É uma coisa mesmo nova. E não estou preparado. Que saudades eu tinha de uma coisa assim tão nova. De não estar preparado. Deste medo ao novo.
O medo é bom e eu não sabia.

Os Tribalistas, o Coliseu e Bolsonaro.



Foi na terça-feira o espectáculo dos Tribalistas no Coliseu do Porto. Submeti-me ao seu domínio, o que exclui qualquer crítica. Obedeci, adorei. E subscrevo. Por uma noite pertencemos todos à mesma tribo.
Os Tribalistas são o grupo mais feliz do mundo. Vendem a melhor das felicidades, o mais verdadeiro amor, a mais certeira das vidas. São brasileiros. Mas a vida quase nunca é assim. Menos ainda no Brasil. No brasileiro estado do Rio de Janeiro em 2017 foram assassinada mais de cinco mil pessoas. Destas uma centena foram polícias, já agora. Nos vinte e um anos de ditatura, entre 1964 e 1985, no Brasil, o regime assassinou ou fez desaparecer entre quatrocentas e quinhentas pessoas. Percebem agora porque amanhã Jair Bolsonaro vai vencer as eleições brasileiras? Chegar vivo ao fim do dia está à frente da democracia. O desespero amanhã vai a votos.

domingo, 14 de outubro de 2018

Jane Austen - Pride and Prejudice ( "my happiness / herself" )

"- You are then resolved to have him? 
- I have said no such thing. I am only resolved to act in that manner, which will, in my own opinion, constitute my happiness, without reference to you, or to any person so wholly unconnected with me. -- It is well. You refuse, then, to oblige me. You refuse to obey the claims of duty, honour, and gratitude. You are determined to ruin him in the opinion of all his friends, and make him the contempt of the world. 
- Neither duty, nor honour, nor gratitude - replied Elizabeth - have any possible claim on me, in the present instance. No principle of either would be violated by my marriage with Mr. Darcy. And with regard to the resentment of his family, or the indignation of the world, if the former were excited by his marrying me, it would not give me one moment’s concern—and the world in general would have too much sense to join in the scorn. 
- And this is your real opinion! This is your final resolve! Very well. I shall now know how to act. Do not imagine, Miss Bennet, that your ambition will ever be gratified. I came to try you. I hoped to find you reasonable; but, depend upon it, I will carry my point.
In this manner Lady Catherine talked on, till they were at the door of the carriage, when, turning hastily round, she added:
- I take no leave of you, Miss Bennet. I send no compliments to your mother. You deserve no such attention. I am most seriously displeased.
Elizabeth made no answer; and without attempting to persuade her ladyship to return into the house, walked quietly into it herself."

Jane Austen - Persuasion ( "we never shall" ).


"Well, Miss Elliot, (lowering his voice,) as I was saying we shall never agree, I suppose, upon this point. No man and woman, would, probably. But let me observe that all histories are against you—all stories, prose and verse. If I had such a memory as Benwick, I could bring you fifty quotations in a moment on my side the argument, and I do not think I ever opened a book in my life which had not something to say upon woman’s inconstancy. Songs and proverbs, all talk of woman’s fickleness. But perhaps you will say, these were all written by men.
Perhaps I shall. Yes, yes, if you please, no reference to examples in books. Men have had every advantage of us in telling their own story. Education has been theirs in so much higher a degree; the pen has been in their hands. I will not allow books to prove anything.
But how shall we prove anything?
We never shall."