quinta-feira, 23 de julho de 2015

Sophie, la malheureuse e Sophia de Mello Breyner.

"Ma bonne, ma bonne, dit un jour Sophie en accourant dans sa chambre, venez vite ouvrir une caisse que papa m'a envoyée de Paris; je croi que c'est une poupée de cire, car il m'en a promis une."

A Condessa de Ségur - Sophie de primeiro nome - começou a escrever depois dos cinquenta anos, cansada de se sentir abandonada pelo marido, e publicou o primeiro livro aos 57. Dois anos depois surgem "Les Malheurs de Sophie", o livro pelo qual é mais conhecida. Sophie - num relato que tem muito de autobiográfico - é uma menina voraz de viver a quem tudo corre mal, sendo castigada corporalmente com muita frequência. Este retrato cru da infância e onde a injustiça do castigo era frequentemente mostrada, influenciou bastante a evolução dos costumes educativos daquele tempo, a segunda metade do século XIX. Sophie é uma qualquer criança - que hoje sabemos que "não nasce ensinada". Mas Sophie ultrapassa a criança habitual pela sua paixão, pelo seu ímpeto. É difícil não nos apaixonarmos por Sophie.

Sophia de Melo Breyner é o único poeta português do século XX a ter lugar no Panteão Nacional. A sua poesia, que sustém a unanimidade de ser das mais importantes deste século em Portugal, e que apareceu na mágica década de quarenta onde também apareceram Sena, Eugénio de Andrade, Cesariny, Carlos de Oliveira, nunca foi a minha praia. Hoje percebo porquê. É demasiado perfeita. E como as coisas assim tão perfeitas, clássicas - Sophia tinha um fascínio particular pela Grécia Antiga - é uma poesia onde só se pode penetrar às vezes. É poesia apenas alguns para momentos. Eu prefiro poesia para todos os dias. Ou... histórias como as de Sopia/Sophie, la malheureuse, que pôs a sua boneca de cera ao sol para não apanhar frio e os olhos entraram-lhe pela cara dentro, que tinha derretido. Felizmente a mãe conseguiu resolver o problema e não houve castigo...

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Espuma das sextas: Maria Isabel Ferreira.

A D. Maria Isabel Ferreira tem duas casas. Na primeira vive. A segunda estará muito ligada a memórias passadas e, por isso, está organizada como se fosse a casa-museu de seu pai, o jornalista e pintor portuense Jaime Ferreira. Uma casa-museu não é habitação permanente a não ser das coisas que lá estão. E são frequentemente assaltadas, sobretudo se têm um estatuto apenas oficioso. Assim aconteceu. A PJ, quando foi tomar conta da ocorrência, fotografou as ausências mas também o que restava. Estranharam a quantidade e a qualidade do recheio. Silva Porto, Stuart Carvalhais. Papéis e papéis e papéis. A D. Maria Isabel desconfiou mas/e teve esperança que algo acontecesse. Não voltou a ouvir falar deles.

Jaime Ferreira foi jornalista, pintor e professor de pintores. A D. Maria Isabel traz catálogos de exposições de alunos do pai para me mostrar. Esta conversa já vem de consulta anterior. Num deles um seu retrato. Traz ainda uma cópia de uma reportagem aparecida no JN sobre seu pai, em 94. E mostra-me uma fotografia. 'Vê esta homenagem a Raul Brandão? A que está na Foz? Os moldes, os gessos, em tamanho natural, tenho-os eu!' Mostra-me ainda uma separata sobre Bernardino Machado exilado na Galiza, n'A Guarda, a ser entrevistado pelo jovem Jaime Ferreira, o ano? 1934. 

Referi que a D. Maria Isabel tem 77 anos? Foi professora primária 47 anos, outra paixão que nos toma um quarto de hora. Hoje faz - sim, com 77 anos - a contabilidade do negócio do único filho. 

Pede-me desculpa pelo tempo tomado. Pelas cópias, pela fantástica conversa. Esperou duas horas e um minuto pela minha consulta. Não sei como me permiti esperar tanto tempo!

Chick Corea & Gary Burton - Crystal Silence

Foi com este disco que nasceu o meu fascínio com os vibrafonistas de jazz, personificada em Gary Burton. O disco é de 73, o par toca aqui o tema-título 40 anos depois. Por isto fui ver o Quinteto de Eduardo Cardinho à Casa da Música sem conhecer nada deles.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Varoufakis e a Esquerda Caviar.

Não me pareceu que Varoufakis ficasse bem parado na fotografia da crise grega. E também não gosto por aí além de caviar. 

Não entendo porém a obrigação da esquerda dita "extrema" de viver em bairro social, usar palito nos dentes e ter uma higiene deficiente. Sei que a inveja não só move montanhas mas também destrói a praia que devia ser a nossa comum praia de descanso, a saber: o querer uma sociedade menos desigual, sobretudo à partida, também à chegada. Por isso as reacções a Varoufakis foram, às vezes, mais "quentes" e irracionais na nossa "quase-esquerda", ciosa da sua pertença ao arco da governabilidade e, também, viciada no seu caviarzinho... com chouriço porque há eleições.

PS.: pelo que vi nos sites dos hotéis de Atenas, no Booking.com, ter casa com vista para o Partenon não é assim tão raro como isso. Desconheço aliás qual é a vista do condomínio Heron Castilho.

Chick Corea & Gary Burton - Eleanor Rigby

Retratos da Fundação: Terra Firme por José Navarro de Andrade.

A Fundação Francisco Manuel dos Santos - to cut a long story short - ligada ao Pingo Doce, tem publicado ultimamente uns livrinhos chamados "Retratos da Fundação", com sucesso assinalável.

Acabei de ler um chamado "Terra Firme", onde se conta a história - verdadeira - de uma herdade no Alentejo, a Herdade das Figueiras, o seu nascer e crescer, como passou o PREC, a adesão à CEE, a globalização. Há essa história, há outras histórias e há também ainda outra, a de um ano, um ano agrícola, porque a agricultura é o passar activo do tempo aplicado à terra.
O livro lê-se rápidamente e bem.

E está muito mas muito bem escrito! O que também é outra forma de homenagear a... "ingrícola"!



"Quando o telão da máquina fica repleto, a azeitona é despejada num saco de 100 quilos, daqueles de polipropileno reciclado - com textura de ráfia ao toque: quais cestos de verga de outrora... - que os recolectores abandonam. Logo que puder, um reboque percorrerá o olival a coligir esses sacos, para os esvaziar em tulhas no pátio central da Torre de Figueiras; daqui a carga transitará pela tarara de limpeza de maneira a que fique purgada de lixo e detritos. A pura azeitona é de seguida elevada até à grande tremonha aérea donde escorrerá a pique e com muito rufo para o bojo de um dos camiões que a vêm buscar e que vai sair da herdade pelo mesmo caminho por onde entrou, ou seja, pela balança. É na diferença entre o peso à chegada e à saída do camião que se calcula o volume da venda e o concomitante valor do negócio."



Voltar a Joaquim Manuel Magalhães.

Joaquim Manuel Magalhães, nativo da Régua e nascido em 1945, enquanto poeta já não existe. Destruiu a sua obra recriando-a num livro-colectânea aparecido em 2010, "Um Toldo Vermelho". E desapareceu.
Mas é obrigatório desobedecer e lembrar por ex.:


SETE PALAVRAS PARA O JORGE MOLDER


cancela


No meio da cerca está uma cancela
também ela fechada. O ar cingiu-a
com um donaire agreste de abandono.
E a cera e a madeira nela ficam
folha de zimbro e maré vagante.
Um dia certos ombros nela assomam,
noutro certos olhos dela partem
e olho a sua sombra com os pássaros
que vão para mais longe e nos entregam
os primeiros dias em que desce a noite
mais cedo, depois vem o inverno, o acolhimento,
a repousante canção dos cães a ladrar.
A cancela tem a marca dos meus dedos,
tantas vezes a abriram, tantas a fecharam,
a própria resina fareja na distância
cada passo meu que me aproxima
cada passo de alguém que não me alcança.
Guarda-me na casa onde outrora um outro
já não traz ao teu corpo esse prazer
que me forças, no seu vaivém, a abrir.




in "A Poeira Levada Pelo Vento", ed. Presença, 1993.


Quinteto Eduardo Cardinho


Anteontem a sala 2 da Casa da Música recebeu este quinteto de jazz -gente muito nova mas... gente muito sabedora. Eduardo Cardinho apresenta-se assim no folheto: "Eduardo Cardinho nasceu em Marrazes/Leiria e deu os primeiros passos na música aos 6 anos de idade na Filarmónica de S-Tiago de Marrazes, tendo aulas de bateria com João Maneta." Que um João Maneta desse aulas de bateria pode ter levado Eduardo para o vibrafone, onde agora brilha, não?

Um excelente espectáculo de jazz, onde Eduardo Cardinho compõe e desenha excelente jazz. Eu sempre gostei de vibrafone, e agora, em português...

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Sils Maria, de Olivier Assayas.

Há um desfiladeiro nos Alpes Suiços que, sob determinadas condições metereológicas, produz um correr de nuvens desenhado pela montanha a que se chama a "Serpente de Maloja", sendo Maloja o nome do desfiladeiro. Sils Maria é uma pequena povoação perto de St Moritz com uma vista privilegiada para o desfiladeiro de Maloja. Em Sils Maria morre um escritor de teatro conhecidíssimo, W. Melchior, que escrevera a peça "A Serpente de Maloja", rampa de lançamento da carreira de Maria Enders - Juliette Binoche - hoje uma actriz na meia-idade. Maria Enders está a chegar a Zurique para uma homenagem a Melchior com a sua assistente Valentine - Kristen Stewart - e sabe da sua morte. Na agora homenagem póstuma é convidada a representar outra vez a peça de Melchior. "A Serpente de Maloja" tratava duma relação destrutiva entre duas mulheres, uma executiva de meia-idade, Helena, e a sua jovem secretária, Sigrid. Maria Enders, que representara Sigrid, é convidada a representar Helena, sendo o papel de Sigrid oferecido a uma starlett de Hollywood. Ao fim de duas horas de filme finalmente a representação acontece e Binoche/Enders pergunta, a cortina por subir: "a casa está cheia?". E aqui o filme acaba.
Nessas duas horas portanto o que vemos? Este é um filme que é como uma casa onde há vários andares e em cada um dos andares estão a acontecer coisas ao mesmo tempo, ou quase acontecem, ou parecem acontecer. Valentine e Maria Enders vão para Sils Maria - para a casa do falecido - treinar as falas da peça. Agora Helena, Maria recebe as falas de Sigrid da voz de Valentine, e com frequência perdemos o referente de quem está a falar, se Helena se Maria, se Valentine se Sigrid. A serpente de Maloja - o fenómeno atmosférico, ora aparece ora não, ora no filme ora num filme dentro do filme. Valentine e Maria diferem em status, idade, olhos, atenção. Há um momento em que ambas descem a um lago para nadar. Binoche/Maria despe-se por completo, the aging actress. Valentine/Kristen mantem ao meter-se na água o soutien e umas brancas cuecas-de-gola-alta que, depois, não se confirmam noutro plano, num espreitar de Maria/Binoche a uma Valentine/K Stewart que descansa de uma má noite, mais seu fio dental. O desequilíbrio desta relação - que relação é esta? - é inverso ao desequilíbrio Sigrid/Helena, ou pelo menos é outro, e resolve-se de outra maneira. A starlett aparece e faz o seu número, a peça parece que vai acontecer, Binoche/Maria é até possível que vá fazer de mutante num filme americano...

"Sils Maria" é certamente um filme sobre uma actriz que envelhece. Mas, se quisermos, pode ser muitas outras coisas...

Binoche está como peixe - nu... - na água, mas Kristen Stewart surpreende pois está ainda melhor. Foi ela aliás que recebeu um Cesar, o equivalente francês ao Oscar...

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Eu e a Grécia.

No domingo passado cometi a estupidez de tentar com o meu Seat Altea discutir com um camião TIR com reboque. Eu tinha a proridade, o camião TIR tinha a tonelagem. Foi difícil descobrir qual a grelha de protecção do camião que quase destruira a lateral do meu carro. Foi uma estupidez - minha. Felizmente, a velocidade era pouca e ninguém se magoou, só o Seat. Fomos todos civilizados, o condutor doTIR tinha metade da minha idade e nunca tinha tido um acidente. A brigada da GNR chegou ao detalhe de se oferecer para trazer água ou algo de comer para a Catarina, que placidamente jogava PSP no banco de trás enquanto não chegou o táxi, o reboque.
Não consigo deixar de pensar que o meu Seat Altea é - tipo - a Grécia, e o camião TIR é - tipo - a Europa. 
A Grécia tem razão, mas a Europa tem a tonelagem.

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A Europa decidiu um caminho e esse caminho é o capitalismo. Com uma face mais ou menos humana conforme as capacidades do país em questão e a bússola do governo que conduz. O Euro é o fio de prumo deste modelo de vida pelo qual a Europa agora alegremente caminha, feito à medida da moeda antes mais forte do continente, o Marco alemão. Um caminho perfeito para o coração centro-europeu. Mas difícil de seguir pelas periferias, Portugal, por ex., ou a Grécia. Vamos imaginar que a Europa é um corpo humano. Se em anemia, as extremidades entram em vasoconstrição e ficam frias, podendo até a médio prazo, correr risco de lesão, tudo isto para que os órgãos vitais, o centro do corpo, permaneça bem. Tal qual. Uma medida prudente nestas circunstancias é agasalhar a periferia. Não é - na Europa - o que está ser feito. 
Não gosto muito deste governo Grego que agora temos. E uso o plural porque, na realidade, as decisões de todos os governos europeus hoje connosco mexem. Não gosto muito do Syriza. Curiosamente ninguém refere o quão mal a Grécia tem sido governada nos últimos dez-quinze anos, bem antes do Syriza. Não foi o Syriza a falsear as contas. Não foi o Syriza que sempre fechou os olhos a uma evasão fiscal maciça e subsidiou, por ex., ao que me constou, a higiene manual. 
A Grécia é, efectivamente, dos países com menos experiência de democracia representativa, embora tenham inventado a palavra-mãe. O PASOK e a Nova Democracia eram o que o PS e o PSD são cá, partidos sem réstas de ideologia, meros gestores de influências e de fundos. São o que na realidade todos os partidos e todos os países europeus hoje são também. Por isso o SPD alemão governa bem com a chanceler Merkel desde o ano passado. Não me venham com as tretas de uma "cultura diferente". A expressão "arco governativo" quer na realidade dizer "a malta que pode chegar ao governo e distribuir o dinheiro e/ou as possibilidades de o ganhar".
Este estado de coisas é compatível com uma solvência razoável no coração centro-europeu, mas impossível na periferia, a não ser que a desumanizem. Eis o que o nosso governo tem feito, portanto, desumanizar Portugal. A Europa de Leste ao entrar na... Europa já vinha desumanizada qb pelos regimes comunistas defuntos. A fome de capitalismo desses povos desequilibrou o xadrez político europeu e induziu na social-democracia europeia a ideia de que, para sobreviver, precisava apenas de deixar de o ser. A periferia do Sul, que se libertara de regimes ditatoriais de direita, tentou criar sociedades humanas e solidárias, com dinheiro à justa. Um "à justa" que o Euro destruiu. 
A crise da dívida pública grega está- curiosamente muito bem - explicada na en.wikipedia. A crise da Europa está sintetizada da sigla PIIGS - Portugal, Italy, Ireland, Greece, Spain - uma sigla insultuosa utilizada nos mentideros da política europeia e que "era só uma piada". Há muitos anos um governante do PSD demitiu-se por fazer piadas foleiras sobre a fome dos etíopes. Mas não se pode demitir todo um continente. 

domingo, 5 de julho de 2015

Manhã, de Adília Lopes.

Gosto muito da poesia de Adília Lopes. Lembro-me da revelação que foi para mim o livrinho "O Poeta de Pondichéry". Que mereceu uma inclusão na exclusiva antologia "Sião", de Al Berto et al. Adília Lopes tem sobrevivido a atentados infames, como o famoso título "Quem quer casar com a poetisa", livro que canibalizava o estranho coração que Adília Lopes terá - para proveito próprio. Adília Lopes sobreviveu a uma moda e a uma publicidade com a qual conviveu e da qual se despediu sem crise e, com maior ou menor pontaria, continuou a publicar os seus "diários poéticos", sendo que "Manhã", este livro de 2014 editado pela Assírio e Alvim, é o último capítulo dessa actividade. Lembro-me de um sublime texto de Adília Lopes - naquela fase da moda - sobre a menstruação. Ora bem...

"Manhã" é mesmo uma espécie de diário poético. Tem fotografias de Adília Lopes quando jovem, e textos que as acompanham. Adília Lopes tem 54 anos. E tem mais coisas.

Nem tudo o que existe é poesia. E neste livro também é assim. Muita da poesia que por aí anda não o é. Quebrar frases e suspirar não qualifica. Mas a poesia pode surgir de muitas coisas. Adília Lopes mostra-nos os seus dias. Oferece-nos os seus olhos e algumas memórias. Aqui e ali jaz ouro. É preciso adquirir um hábito ao discurso de Adília Lopes. E entramos no livro: é "Manhã".

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NAMORAR

A minha avó dizia que eu namorava os brinquedos. Vi na montra da tabacaria da esquina uma chaleira de plástico às rodelas que encaixavam.Passei pela chaleira muitas vezes. As rodelas são de cores muito coloridas. Ainda hoje tenho esta chaleira. A minha avó acabou por me comprar a chaleira e disse: a Zé namora os brinquedos. Ando sempre a namorar. Fui sempre assim.

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PALAVRAS CARAS

Em minha casa, detestávamos pessoas bem-falantes, palavras caras. De uma vez, apareceu a prima Maria Lucília a dizer já não sei porquê: 
 - Fiquei muito confrangida. 
Passámos a chamar-lhe "a confrangida".
Sempre que aparecia alguém na televisão a declamar poesia ou a falar de poesia, desligávamos a televisão. 

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Escrever um poema
escavar uma toca

sábado, 4 de julho de 2015

VCI e Kraftwerk.

Ora bem, a última versão do Google diz-me, quando estou a trabalhar, a quantos minutos estou de casa e, se estou a trabalhar, a quantos minutos estou do trabalho. O Google é um programa fascistóide.
Ontem a distância temporal para casa estava inflacionada - 20' - por 'trânsito intenso na A20', vulgo VCI. À minha frente um BM descapotável azul-marinho estava parado, provocando-me uma crise gotosa cubital difícil de controlar. Como responder? 

A VCI é hoje uma circular com mais de metade do seu trajecto em Gaia. Inverti para o Freixo e, no dobro do tempo mas muito mais bem disposto, conduzi sem parar até casa. Ao som festivo dos Kraftwerk - Remix.


quarta-feira, 1 de julho de 2015

Abrir e fechar a mala.

Ontem, ao chegar ao trabalho, não fechava a mala do meu Seat. Estacionando em local fechado, a minha preocupação não foi o assalto por acontecer mas sim o arranjo por haver, onde fazê-lo. Telefonei para a Midas ao pé de minha casa a a resposta que obtive decalcava a de um mecânico de bairro: “Nós problemas eléctricos não é connosco mas eu tenho aqui um mecânico que é entendido…”. A Midas de que falo fica na rotunda de Francos. Ontem de manhã, após um parto difícil – já vos disse que sou Obstetra? – fui com muito cuidado VCI abaixo, para que o carro não ganhasse "aileron". A entrada na rotunda, ao necessitar alguma decisão de manobra, anulou todos os meus esforços e provocou o gáudio na multidão automobilística que me rodeava. Por sinais expliquei que ia já ali resolver o assunto, aproveito para dizer que ninguém me agradeceu a distracção. Aquela é uma rotundda muito chata. O preço da Midas pelo arranjo, acima de 100 euros- é que não foi de bairro. Peça nova… Bom, não fechava a mala, agora já fecho. O problema está em quem nunca a abriu…