sexta-feira, 17 de julho de 2015

Espuma das sextas: Maria Isabel Ferreira.

A D. Maria Isabel Ferreira tem duas casas. Na primeira vive. A segunda estará muito ligada a memórias passadas e, por isso, está organizada como se fosse a casa-museu de seu pai, o jornalista e pintor portuense Jaime Ferreira. Uma casa-museu não é habitação permanente a não ser das coisas que lá estão. E são frequentemente assaltadas, sobretudo se têm um estatuto apenas oficioso. Assim aconteceu. A PJ, quando foi tomar conta da ocorrência, fotografou as ausências mas também o que restava. Estranharam a quantidade e a qualidade do recheio. Silva Porto, Stuart Carvalhais. Papéis e papéis e papéis. A D. Maria Isabel desconfiou mas/e teve esperança que algo acontecesse. Não voltou a ouvir falar deles.

Jaime Ferreira foi jornalista, pintor e professor de pintores. A D. Maria Isabel traz catálogos de exposições de alunos do pai para me mostrar. Esta conversa já vem de consulta anterior. Num deles um seu retrato. Traz ainda uma cópia de uma reportagem aparecida no JN sobre seu pai, em 94. E mostra-me uma fotografia. 'Vê esta homenagem a Raul Brandão? A que está na Foz? Os moldes, os gessos, em tamanho natural, tenho-os eu!' Mostra-me ainda uma separata sobre Bernardino Machado exilado na Galiza, n'A Guarda, a ser entrevistado pelo jovem Jaime Ferreira, o ano? 1934. 

Referi que a D. Maria Isabel tem 77 anos? Foi professora primária 47 anos, outra paixão que nos toma um quarto de hora. Hoje faz - sim, com 77 anos - a contabilidade do negócio do único filho. 

Pede-me desculpa pelo tempo tomado. Pelas cópias, pela fantástica conversa. Esperou duas horas e um minuto pela minha consulta. Não sei como me permiti esperar tanto tempo!

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