terça-feira, 25 de abril de 2023

49 anos passados.

Passaram 49 anos. Finalmente esta democracia ultrapassou no tempo os 48 anos que separaram o 28 de Maio de 25 de Abril de 74.
Somos governados em maioria absoluta por um partido chamado de Socialista. O mesmo partido que foi a espinha dorsal da luta partidária após o 25 de Abril, chefiando inclusive o primeiro governo eleito, em 1976. 
Mas o PS de 1974 não é o PS de 2023. Este é pior. 
O caminho do Portugal de hoje foi talvez esboçado por Mário Soares e Sá Carneiro mas foi sim decidido de vez por Cavaco e dramaticamente por Sócrates. Sócrates o primeiro a dar uma maioria absoluta ao... PS. Pelo meio gerimos crises e indecisões. E aderimos à CEE.
Sim, sabe muito bem a liberdade. A democracia representativa é sempre bem-vinda. Mas a saúde treme, a educação divide e não agrega, a justiça quando necessária não existe para o cidadão comum, a habitação é hoje uma miragem. Isto num país envelhecido, despovoado no coração interior onde nasceu. 
Há está triste sensação de que ontem como hoje temos aqui um país adiado. A diferença é que hoje podemos dizê-lo alto e em bom som. 
49 anos passaram. Abril cumpriu-se. Falta cumprir Portugal enquanto entidade colectiva solidária, fraterna, e onde o futuro seja mais do que servir de postal para as férias dos outros.  

sexta-feira, 21 de abril de 2023

Merckx e Pogacar

 


Este ano ciclístico está a ser dominado pelas comparações que se repetem entre as vitórias de Pogacar, o génio esloveno de 24 anos, e Eddy Merckx, considerado o maior ciclista de todos os tempos. 

O ciclismo vive de ciclos, temporadas, anos que têm um princípio, meio e fim. E os grandes anos dos grandes ciclistas foram definidos de uma forma que hoje é difícil senão impossível de ser repetida. As provas de três semanas têm uma primazia no imaginário dos aficionados que ultrapassa todas as restantes. Daí que os Grandes Anos dos Grandes Ciclistas foram aqueles em que eles conseguiram dominar ao mesmo tempo o Giro de Itália e o Tour de France. Aconteceu primeiro em 1949 e 1952 com Fausto Coppi. Ciclistas que o repetiram foram Jacques Anquetil, Eddy Merckx, Bernard Hinault, Stephen Roche, Miguel Indurain e Marco Pantani. Cada um destes ciclistas teve a sua história específica e cada um destes sucessos a sua história também. Recentemente Chris Froome e Tom Dumoulin andaram perto mas não conseguiram. Andar perto mas não conseguir faz toda a diferença. A dificuldade reside no Tour (a prova mais dura porque com a competição mais forte) ser depois do Giro. Pogacar pode conseguir mas obrigatoriamente precisará de mudar o seu programa de provas para ter sucesso.


Mas vamos fazer marcha-atrás e meditar na época que Pogacar está a fazer este ano. Este domingo vai correr a Liege Bastonne Liege como principal favorito. Até agora ganhou a Clasica de Jaén, a Vuelta de Andalucia (e 3 etapas), o  Paris-Nice (e 3 etapas), foi 4ª na Milano Sanremo, 3º na E3 Harelbeke e depois voltou a ganhar: a Volta à Flandres, a Amstel Gold Race e a Fleche Wallone. Onde entra o mais provavel é ganhar. Assim parecia ser com Merckx, efectivamente. 

Como comparar Pogacar com Merckx? Merckx ganhou 5 Tours, 5 Giros e uma Vuelta. Desde que o seu domínio se afirmou em 1969 até à perda dramática do Tour em 75, Merckx só num ano não correu duas Grandes Voltas (ganhando-as sempre), em 1971. Vejamos então como foi esse ano de 1971 no que diz respeito a vitórias para o campeoníssimo Eddy Merckx, então com 25 anos.

Meckx começou a época com um 4º lugar numa prova secundária italiana em Fevereiro, o Troféu Laigueglia (a sua equipa era italiana). Depois, na 1ª quinzena de Março ganhou o Giro da Sardenha e depois o Paris Nice, dominando-os por completo  (Pogacar =´l) Na 2ª quinzena de Março começou por vencer a Milano Sanremo (1º monumento do ano), depois foi 2º na Fleche Brabançonne, 1º na Het Volt, 3º na E3 Harelbeke (Pogacar ='l !!!). e 9º na Gent Wevelgem, abrindo depois Abril com uma presença anónima na Volta à Flandres (que Pogacar este ano venceu). O Abril prosseguiu com vitória na Volta à Bélgica (que Merckx só venceu duas vezes, esta a 2ª), uma prova então mais importante e que acontecia nesta altura da época (hoje acontece mais tarde). Depois foi 5º no Paris Roubaix e... a 25 de Abril ganhou a Liege Bastonne Liege e, depois, a 1/5 o Henninger Turm ou GP Frankfurt, então uma prova importante. Meckx aqui parou uns tempos para depois seguir para o Dauphiné, prova de preparação para o Tour. 

Comparar estes anos, 1971 e 2023, é difícil. Em 1971 Merckx parecia quase imparável como este ano Pogacar está a ser. Antes da Liége Merckx contabilizava 14 vitórias. Pogacar tem 12. Mas Pogacar ganhou até agora 4 das 6 provas de 1 dia que correu, Merckx só ganhou em 1971 2 das 8 provas de 1 dia que correu. Compensou correndo e vencendo mais uma prova de etapas (Bélgica). O Paris Nice de Pogacar foi vencido contra Gaudu e Vingegaard, que completaram o pódio. Merckx teve no pódio do seu  Paris Nice o agora esquecido Gosta Pettersson (que ganhou o Giro desse ano!) e Luis Ocaña. Portanto, também oposição de respeito. 

Merckx venceria depois as duas provas de etapas pre-Tour que correu, o  Dauphiné e o Midi-Libre, e a seguir o Tour, embora esta vitória tenha sido difícil de garantir e só ficou certa após a queda grave de Ocaña. Terminaria o ano sagrando-se Campeão do Mundo e ganhando a Lombardia. Falta ver como vai seguir o ano de Pogacar.

PS.: Merckx só começou o ano possivelmente melhor do que Pogacar (nas provas de 1 dia) em 1973: quando ganhou Laigueglia, Het Volk, Gent, Amstel e Roubaix, sendo 2ª na Flandres e na Fleche Wallone, e depoiis ganhando a Liége. Mas nas provas de 1 semana Merckx em 73 não foi brilhante, só ganhansdo na Sardenha. Ainda em 1973 Merckx ganhou de embalo Vuelta e Giro, não comparecendo ao Tour.


quinta-feira, 20 de abril de 2023

A Senhora da Hora e uma piscina.

Estou a ler um livro sobre a China no bar da piscina da Senhora da Hora. Sabe sempre bem recuperar do rol dos livros comprados há muitos anos e que nunca foram lidos um que afinal vai ser, adivinho, uma boa leitura. Esta piscina, municipal, está agregada a um parque que, contaram-me, antigamente era os dominios da "muda'", uma mulher com deficiência que aqui vivia num barraco e a quem as crianças,  aos passar, chamavam nomes. Ela corria atrás delas, dava-lhes sopapos. Domesticado este terreno e transformado num parque, esquecida a "muda" e o seu tempo, aqui, veloz, voou Catarina mais a sua trotinete prateada, de um lado para o outro, uma e outra vez. Não longe alguém jogou basquetebol até que deixou de jogar, o grito impeditivo de uma filha a barrar definitivamente o caminho. 
Por pura coincidência ao fundo do bar quatro pessoas orientais, acho que chinesas, conversam animadamente com um rapaz português, que alguma coisa entenderá da conversa, sorrindo. O Renato queria aprender mandarim quando era criança, era o futuro, mãe, dizia ele. 
Ainda dizem que isto não anda tudo ligado.

Cinquenta e Nove anos passados...

o que faço melhor? Ler livros.

quinta-feira, 13 de abril de 2023

Um Governo Horribilis.




O Governo de António Costa merece ser analisado. Eles são dezoito os ministros. Merecem ser analisados um a um. Seguirei a ordem apresentada no site portugal.gov.pt. E "iluminarei" as últimas notícias sobre o /a ministro/a que apareceram no jornal Público


Mariana Vieira da Silva - é a Ministra da Presidência. Filha do ex-ministro do Trabalho Vieira da Silva, isto em si não é pecado, e não se nota demasiado. É cauta mas mais assertiva, faltam-lhe uns meses para fazer 45 anos, e é benquista e agradável ao ouvido. Teve direito a ir ao "Cinco para a Meia Noite" e safou-se bem. Socióloga de formação, foi assessora de Maria de Lurdes Rodrigues na Educação, o que não abona. As últimas notícias em que aparece mostram-na a apagar o fogo TAP lado-a-lado com Ana Catarina Mendes. Foi ela ainda a apresentar um plano de aceleração das progressões de carreira na função pública. Antes tinha defendido o actual governo de responder ao famoso interrogatório de idoniedade para funções governativas. Parece ser de uma lealdade canina a António Costa e já mais de uma vez veio explicar a público várias coisas inexplicáveis aparentemente "a mando de". Sem António Costa, o que valerá Mariana Vieira da Silva?

João Gomes Cravinho - é o Ministro dos Negócios Estrangeiros. Num governo com um Primeiro-Ministro tão conhecido e viajado, este também filho de ex-ministro (nada parecido com ele, caramba!) brilha pouco. Talvez por isso os seus passos em falso: os tanques, o discurso de Lula no 25 de Abril. O que não se entende num diplomata. Já no Ministério da Defesa a sua nomeação de Gouveia e Melo fora muito confusa e trapalhona. 

Helena Carreiras - é a Ministra da Defesa. Socióloga de formação, a sua nomeação foi elogiada por gente na área, que é a sua área de estudo. Indo aos factos, parece que os Leopard sempre chegaram à Ucrânia, que a ministra antes tinha visitado, falando em ajuda "realista" à Ucrânia. Aqui era Medina a falar mais alto, embora na hierarquia do governo Helena Carreiras lhe esteja à frente. O mesmo se sentiu na caso da embarcação Mondego, onde não se pronunciou explicitamente sobre o acontecido mas prometeu mais dinheiro, assumindo as dificuldades. Idem quando comentou a baixa execução da Lei da Programação Militar. Resumindo, Fernando Medina não deve gostar dela.

José Luís Carneiro - é o Ministro da Administração Interna. Licenciado em Relações Internacionais, tornou-se conhecido como Presidente da Câmâra de Baião, donde é natural (vidé o sotaque), durante três mandatos, com maiorias expressivas. Suceder a um tal de Cabrita é fácil porque fazer pior seria muito difícil. Como jogada de antecipação várias têm sido as notícias sobre a luta contra os incêndios, prometendo isto e aquilo. O tratamento preferencial a dar aos imigrantes da CPLP foi uma boa notícia. Parece-me ser uma formiguinha trabalhadora, que não brilhará no escuro, e o homem de António Costa no distrito do Porto. A sua prova de fogo (literalmente) acontecerá este verão.

Catarina Sarmento e Castro - é a Ministra da Justiça. É uma ex-Juíza do Tribunal Cosntitucional e pertence à coorte de Coimbra. Sucedendo a um nome de peso como Francisca Van Dunen, ainda quase ninguém deu pela sua existência. Chamada à Assembleia da República devido à prolongada greve dos Funcionários Judiciais, percebeu-se que ela até parece concordar com eles mas como o novo estatuto e carreira ainda está a ser negociado com as Finanças...

Fernando Medina - é o Ministro das Finanças. Economista nascido e licenciado no Porto, entrou para o PS com Guterres. Secretariou bastante no tempo dos governos Sócrates e depois foi o nº 2 em Lisboa de António Costa, herdando a Câmara para depois a perder. Resumindo e concluindo, é hoje o nosso merceeiro, e o poder (o dinheiro) real no Governo é dele. Era o nº 2 de, continua a ser o nº 2 de. Viajando pelas notícias, aparece a TAP, a TAP e a TAP, onde é citado por omissão e distracção. Mas também vai com António Costa até à Margem Sul prometer um programa de reabilitação do "Arco Ribeirinho" de umas dezenas de milhões, prometido já há muitos anos. Porquê ele? Porque o dinheiro é dele, a sua presença uma garantia. Porquê ali? O distrito de Setúbal é o 3º do país em nº de deputados. E é isto. 

Ana Catarina Mendes - é a Ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares. Os assuntos parlamentares ocuparão pouco, pois há uma maioria absoluta. Sabemos que se divorciou de Paulo Pedroso em 2020 mas que sempre o defendeu. É licenciada em Direito e é outra leal de António Costa, ela que nunca terá perfil para número um. Forma com Mariana Vieira da Silva um par de defesas centrais no feminino, e assim apareceram em público recentemente para falar da TAP, defendendo o indefensãvel. Apresentou ainda a agência que vai suceder ao SEF, englobando uma instituição já antiga, o  Alto Comissariado para as Migrações. Aqui esqueceu-se dos ciganos, que já protestaram e com razão. Há a sensação de que podia fazer melhor mas este governo não vai deixar.

António Costa e Silva - é o Ministro da Economia e do Mar. Este homem é de alguma forma um anacronismo: é um Engenheiro de Minas especializado na área do petróleo. Tornou-se especialmente conhecido como gestor das Partex, a "petrolífera" da Gulbenkian que entretanto já levou destino. Portugal só teve petróleo "tipo" quando Angola "era nossa", outro anacronismo e coincidência, pois Angola foi onde o ministro nasceu. Ouvi-lo é esquisito. Nota-se a milhas que não se trata de um político. O seu entusiasmo com o PRR é paradoxalmente juvenil. Palavras como "transição", "sustentabilidade", "eficiência", "resiliência"repetidas em loop obrigam a antiemético. Estão a re-pavimentar a minha rua, que já estava bem pavimentada antes. Desconfio que é isto o PRR. 

Pedro Adão e Silva - é o Ministro da Cultura. Socíólogo e nascido em74, era o Comissário para a organização das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril quando foi chamado para este cargo. Desconheço o seu saber para assumir esta pasta. Consumidor assíduo? Os subsídios da DGArtes tiveram a confusão do costume. E outras pequenas polémicas se sucedem. O PS sempre falou de peito feito do "seu" Ministério da Cultura, que antigamente em velhos tempos do PSD era só Secretaria. Agora dinheiro, vai no Batalha!

Elvira Fortunato - é Ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Engenheira de Materiais, casou com o seu orientador (quem não?) e é a "mãe" do transístor de papel e Prémio Pessoa 2020. Anunciou que em 2027 metade das bolsas para doutoramento acontecerão fora do ambiente académico. Teremos empresas para aguentar isto? Ao contrário do seu antecessor, Manuel Heitor, não mexeu no ensino da Medicina. Talvez não queira entrar numa área que não domina, sábia decisão. Mas o mal está feito.

João Costa - é o Ministro da Educação, depois de ter sido Secretário de Estado 6 anos. A evolução na continuidade. No início ninguém dizia mal dele. Depois começaram as greves, com o STOP e a FENPROF numa alegre competição. Doutorado em linguística, e escuta desde os nove anos, tem cara de boa pessoa. Não deve conseguir nem um centavo a mais de Fernando Medina. Se conseguir mexer a sério no modus faciendi dos concursos dos professores será um herói. Até agora só se tem dedicado a cansar os sindicatos...

Ana Mendes Godinho - é a Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. Foi falada quando das últimas confusões com os lares. Teve que explicar porque as pensões não subiram aquilo que a aritmética lhes devia permitir subir e não diz como vai ser em 2024 (o Medina ainda não lhe disse como vai ser). Vem do governo anterior com um perfil "agradável" mas, como vimos, sem qualquer autonomia.

Manuel Pizarro - é o Ministro da Saúde. Conheço-o pessoalmente embora não com proximidade há quase quarenta anos. Portanto não me vou alongar. Só queria esclarecer que o Manuel Pizarro não é o verdadeiro Ministro da Saúde de Portugal. Este chama-se Fernando Medina.

 Duarte Cordeiro - é o Ministro do Ambiente e da Acção Climática. É um economista da ala esquerda do PS que foi director de campanha de Manuel Alegre mas vice-presidente em Lisboa de Medina. Sobre o ambiente e o clima não se tem falado, deve estar tudo bem. Os transportes urbanos são um pelouro seu pelo que teve que vir defender a engraçada compra de cacilheiros eléctricos sem baterias. Também os solavancos dos preços da energia lhe têm dado tempo de antena, com sucesso muito variável.

João Galamba - é o Ministro das Infraestruturas, sucedendo (em parte) a Pedro Nuno Santos. Estão esquecidas as tropelias de Galamba com o lítio de Montalegre, algo que ainda está em tribunal. Agora Galamba está metido na confusão da TAP, graças a uma tal reunião preparatória secreta. Galamba tinha piada como bloguista, algo menos enquanto deputado, piada nenhuma como Secretário de Estado. Ultimamente era da "Energia e do Ambiente", duas noções nos antípodas uma da outra. Detesta o contraditório. Às vezes desce no vocabulário. Não tem infraestrutura para Ministro. Devia 14000 euros ao fisco que foi obrigado a pagar.

Marina Gonçalves - é a Ministra da Habitação. Tem 34 anos, como toda a gente sabe, a mais jovem Ministra de sempre. Ex assessora e Secretária de Estado de Pedro Nuno Santos, tem dado a cara pelo surrealista Plano para a Habitação deste Governo, onde o arrendamento coercivo fez parangonas. A Habitação está no capítulo da Resiliência no PRR. Porque esperas, Marina?

Ana Abrunhosa - é a Ministra da Coesão Territorial. Coesão, coesão, não temos visto nenhuma. É economista e esta é a sua área de especialização. Deu a cara pela transferência de competências - variadíssimas - para os municípios (que pareceu ser também uma forma do Estado poupar dinheiro) e criou uma nova lei de enquadramento das CCDR (Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional), com mais competências roubando-as às Direcções Regionais dos vários pelouros, com muito atrito e algum barulho. A coesão territorial é outra coisa.

Maria do Céu Antunes - é a Ministra da Agricultura e da Alimentação. As associações de agricultores detestam-na. O que é mútuo. Já teve uma Secretária de Estado que durou só um dia. Tem aparecido a falar sobre o cabaz do IVA zero (cujo acompanhamento será feito por uma empresa privada contratada em concurso internacional). Já se queixou em público da CAP ter há um ano desaconselhado o voto no PS, tipo "agora esperam que eu vos dê atenção?". Foi nove anos Presidente da Câmara de Abrantes. Da única vez que estive em Abrantes estava a decorrer no centro um torneio ao ar livre de matraquilhos e outros jogos populares.

 

segunda-feira, 10 de abril de 2023

O Grau Zero da Política.

Será este o pior governo da 2a República? É bem provável. E atenção que governos maus já tivemos muitos! Mas há momentos, ele há tempos em que um governo bom dava mesmo jeito. Agora, por exemplo. Onde o rumo, a direcção, o sentido? Diziam que "faltava a Portugal uma Grande Razão". Não é este conjunto de gentes que nos vai dar a dita cuja.

Governo que na realidade ministro só tem dois. Ou tinha. Um, Pedro Nuno Santos, demitiu-se e, hoje por hoje é um merecido morto politico. Quem o substitui ( dois ministros, não um, tão bom ele era) vive na dependência do outro ministro que decide, Fernando Medina. Fernando Medina é um merceeiro e, neste momento, ele manda no nosso país. António Costa delegou nele por fastio toda a governação. O resto do governo, incluindo Saúde, Educação, Defesa, Agricultura, Habitação, Justiça, you name it, não tossem sem pedir licença a Medina. Que vai conseguir a proeza de reduzir magnificamente a dívida pública de um país em vias de deixar de o ser. Saúde? Não se pode pagar mais. Educação? Repor a justiça - o tempo de carreira - custa demasiado dinheiro. Justiça? Quase não haverá dinheiro para o papel. Habitação? Construir é caro, exproprie-se "tipo" ( a tal medida "cartaz" que nunca ninguém aplicará). É tanta a cortina de fumo que só assim se explicam estas temperaturas altas agora na Páscoa, o risco de incêndio já máximo no Algarve. Chegamos à conclusão que este país é demasiado caro para existir como está. Não entendemos esta carestia toda, pois ganhamos tão pouco... Algo aqui está profundamente errado. Voltarei a este assunto.

quinta-feira, 6 de abril de 2023

Sakamoto.

Sakamoto foi a melhor banda-sonora que eu já tive. Nem sei bem dizer porquê. Talvez pela procura incessante da beleza disco após disco, pela suprema elegância, talvez apenas porque algumas das suas canções salvaram-me a vida uma e outra vez. Com o passar do tempo a sua música era cada vez menos, isto é, era cada vez mais. E Sakamoto era lindíssimo. Tempos houve em que pensava  e dizia que só os meus doentes e a minha música nunca me tinham desiludido. Pensava em Ryuichi Sakamoto. Ou foi apenas o tempo ter sido o tempo em que o ouvi. E assim ficou o que eu lembro, ele a meu lado e ninguém mais. Esta semana uma parte de mim morreu.

1986/1992


1994


1996



2017



1980