domingo, 27 de outubro de 2024

Morreu o sr. Moniz. Foi no Bairro do Zambujal na Amadora.

O sr. Moniz foi a uma festa de uns amigos, seria um casamento? Ao voltar a casa, pegou no seu carro e conduziu em direcção a casa. Dois jovens polícias, tinham idade para serem filhos dele, deram-lhe ordem para parar. Nos filmes habitualmente circula um polícia mais velho com outro mais novo. Não era o caso. O sr. Moniz mora fora de Lisboa, o carro é importante para fazer a sua vida. Sem saber muito bem porquê o sr. Moniz (talvez por águas passadas e já bem pagas mas não esquecidas) entrou em pânico e decidiu fugir. Teria bebido demais? Não queria descobrir a resposta no balão. Meteu para dentro de um bairro, se calhar podia despistá-los, como nos filmes. Mas não estava habituado a isto, nos filmes devia ser mais fácil, bateu num carro estacionado, depois noutro, noutro ainda, e o carro dele não andou mais. Chegaram os polícias e deram-lhe ordem para sair do carro. Ele poucos minutos antes estava a sair sim mas de uma festa. Como era nos filmes? Ouviu dois tiros, tentou outra vez fugir, um terceiro tiro enviou-o para o chão donde não mais se levantou. E ainda ouve mais um tiro e o resto desapareceu, apagou-se. Os polícias telefonam para o 112. São tão novos. Tentam convencer-se de que os tiros foram bem dados. Eles sabem  que não foi assim. Na polícia não ensinam Suporte Básico de Vida? Nos filmes não se tenta estancar as hemorragias? O INEM vai chegar tarde demais. Se os tiros tivessem sido dados à porta de um hospital... O sr. Moniz, Odair Moniz de nome completo, morreu. Nos filmes verdadeiramente ninguém morre. Na vida real sim. Isto foi o que o sr. Moniz ensinou aos rapazes polícias, perdendo pelo meio a própria vida. 

OK, está bem, mas alguém lhe perguntou se ele queria dar esta aula e por ela pagar um preço tão alto?

Ah, esqueci-me de referir: o sr. Moniz era negro, caboverdiano, a viver cá há mais de 20 anos. Com família constituída e estimada. Os amigos chamavam-lhe Dá. Dizem que era boa gente. Na televisão dizem "o Odair".



sexta-feira, 11 de outubro de 2024

As palavras cruzadas, uma barbearia e o Líbano.

Fui visitar ontem a minha mãe. Por fragilidade e idade está neste momento num Lar. Lemos o Jornal de Notícias, fizemos as palavras cruzadas. Eram de dificuldade intermédia, 3 em 5, assinalava ao lado. A minha mãe contribuiu com palavras complicadas como "patamar" e "criatura". Aprendi o que era um crepúsculo matutino - pensei que só acontecia no fim da tarde, afinal a definição é outra, diferente da minha. Talvez o meu anglicismo me levasse a apenas traduzir "sunset", reduzindo.

Mas o crepúsculo vespertino, vivido ao chegar a casa, lembrou-me que tinha uma televisão à minha espera. E que a televisão ia-me oferecer, se ligada, por horas a fio a maldade do mundo. Na Penha de França um rapaz matou três pessoas por não ter acontecido um corte de cabelo. Quatro, uma das pessoas estava grávida. Tinha consumido cocaína antes, será atenuante. Refugiado em casa de um tio, foi entregue pelo pai à Judiciária. Resume-se assim: "foi a droga". Maior droga é o poder, faz-se tudo para o manter. Assim Benjamin Netanyahu, 44000 mortos o rodeiam, em Gaza, no Líbano, na Síria, ele mandou-as matar para se manter no poder. Não o poder de decidir quando cortar o cabelo, mais. Muito mais. É esta a única explicação. O massacre de 7/10 o esplêndido pretexto. Sim, o Hezbollah guarda mísseis entre a cozinha e a sala de jantar em muitas casas insuspeitas. Mas, orque apareceu o Hamas, porque acontece o Hezbollah? Preso o assassino do barbeiro Pina muitos dirão: "É matá-lo!". Netanyahu tem vários esquemas de defesa que tornam essa hipótese (para ele) impossível. Um chama-se Iron Dome, os outros não me lembro. Biden ligou-lhe: "Bibi, what the fuck?" 

A minha mãe adivinhou, com metade das letras por saber, que "indivíduo" podia ser "criatura". Netanyahu é mesmo uma criatura filha da puta. Não me lembro de outra pior.