terça-feira, 17 de março de 2015

Mafamude.

Domingo que passou, pelo fim da manhã, fui ao cemitério de Mafamude, mais concretamente a uma das capelas mortuárias, prestar as minhas últimas homenagens a alguém. A morte senta-nos. A morte faz silêncio. E assim estávamos. Um senhor de idade apareceu pela porta, não dizendo nada. O filho do falecido pretendeu orientar a sua, talvez, desorientação: “aqui ao lado também está…”. Continuou sem nada dizer e, lentamente, saiu. Saímos nós meia hora depois, e o senhor idoso continuava por ali, curiosamente ao lado do meu carro. E falava. E falou. Que o meu carro estava bem vigiado, por ele. Que se a policia viesse nos avisava. Que naquele dia ainda não tinha comido nada. Que – eu disse-lhe que íamos tomar um café ali em frente - se preciso nos iria avisar. E que uma sopa seria bem vinda. Fomos tomar o café, rápido. A morte apressa as coisas. À porta do café o senhor idoso estava à nossa espera. O dinheiro que eu lhe dei não pagaria uma sopa, por exemplo, na Alemanha.

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