segunda-feira, 13 de junho de 2022

Voltando à Síria: a oeste de Aleppo. Lembrando que a Guerra Civil da Síria ainda não acabou.




A oeste de Aleppo mas ainda na sua província (ou governorato) fica Afrin. Afrin era uma região maioritariamente curda pelo menos desde os séc. XVII-XVIII. Logo após a retirada do Exército Sírio em 2012 as forças curdas de Rojava tomaram conta da situação e criou-se aqui o primeiro cantão autónomo de Rojava. Os curdos de Afrin viveram assim uma experiência de auto-governo até 2018. Sobre Rojava já escrevi. O bom governo das minorias em Afrin foi discutido por várias entidades, as versões divergem, idem o bom comportamento no geral deste auto-governo.
A Turquia invadiu Afrin em 2018 e não se discutem os maltratos que esta população curda está desde então a sofrer. Extorsão, assassinatos, deportações, violacões, ora obra das forças turcas ora de milícias sírias apoiadas pela Turquia. A operação turca chamou-se "Ramo de Oliveira", sendo Afrin uma zona rica em oliveiras.



Para oeste da província de Aleppo fica a província ou governorato de Idlib. Idlib não é uma cidade com um passado extenso e glorioso como Aleppo, Damasco ou Raqqa, inclusivé. Tornou-se conhecida porque Idlib foi ocupada pelos rebeldes sírios pouco depois do início da Guerra Civl. Até hoje. Só que o que era uma ocupação civil no início rapidamente se transformou numa ocupação por guerrilhas extremistas. Até hoje. A Al Nusra, afiliada à Al Quaeda coligou-se com outros grupos e agora é a Hay'at Tahrir al-Sham (HTS), afiliada à Al Quaeda. Em Idlib a lei é a Sharia. Recorrentemente a Human Rights Watch fala de detenções arbitrárias, de execuções. As minorias são maltratadas, as mulheres vêm os seus direitos questionados. A província de Idlib é neste momento uma espécie de Faixa de Gaza entalada entre as zonas controladas pelo Governo Sírio e as zonas de domínio turco a norte. Nela vivem uns 3 milhões de pessoas, muitos são refugiados de outras partes da Síria. Idlib era uma zona conhecida pela sua riqueza agrícola. Vive agora com o apoio de várias ONG's, cuja ajuda entra apenas por uma fronteira aberta a norte, Bab al-Hawa. Esta fronteira está aberta graças à flutuante boa vontade turca e russa e por decisão do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Até ao fim de Junho o manter esta fronteira aberta voltará a ser discutido nas Nações Unidas e tudo indica que a Rússia, na fase de boas relações em que está, vai fechar esta fronteira. Ou talvez não, porque é um país, afinal, bondoso e incompreendido.

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