segunda-feira, 15 de setembro de 2014

O Novíssimo Banco!

A minha mania com as estatísticas podia ter-me orientado para o trabalho numa Unidade de Contra-Espionagem ou ter-me transformado num terrorista informático. Tal não aconteceu. Dos meus tempos de estudioso das Páginas Amarelas lembro-me que os bancos em Portugal, evolução natural de escritórios de banqueiros, tinham nomes no nome, a saber: Borges e Irmão, Fonsecas e Burnay, Pinto e Sottomayor, Espírito Santo e Comercial de Lisboa, Totta e Açores, Pinto de Magalhães. Bancos que não cumpriam este requisito eram o Nacional Ultramarino, um anacronismo (antigo emissor de moeda nas províncias ultramarinas), o Português do Atlântico – uma invenção nortenha recente e que terá sido pioneira (não sei muito bem do quê). No século XXI um reliquat desses tempos era BES. Até hoje. O Novo Banco (ex-BES) mudou de mãos este fim-de-semana. Mais propriamente das mãos de Vitor Bento para as mãos de Eduardo Stock da Cunha. Ao contrário de noticiado Stock da Cunha não é um banqueiro, é um gestor bancário. Nem Vitor Bento o era. Prometeram-lhe um projecto de refundação de um banco e depois atribuíram-lhe a tarefa de destruir um banco. Duas coisas não exactamente iguais. Não admira a demissão. Já não há banqueiros portugueses. O último (talvez) acabe preso. Porque (talvez) a Herdade da Comporta o isolasse demasiado do mundo real, da fragilidade do seu castelo de cartas. O BES era Ricardo Salgado. O Dono Disto Tudo. Não admira, portanto, que agora tudo em Portugal já não pertença a mãos portuguesas. Gerimos, quando gerimos, dinheiros estrangeiros. E morreu o último banco português. O BPI é hispano-angolano, por ex. (e o comprador mais provável). O BCP também, mais ou menos. E a Caixa pertence ao Estado, e nós sabemos como o Estado NÃO É PORTUGAL. Stock da Cunha nasceu no Santander Portugal e evoluiu para o Lloyds. Vai agora vender o BES ao desbarato, ficando o panorama bancário português reduzido à trissomia BCP/BPI/Santander mais minorias.

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