segunda-feira, 10 de novembro de 2014

O Professor Daniel Serrão.

Entrei para este Hospital há 32 anos. Sim, porque a Faculdade de Medicina estava então nas entranhas deste Hospital, escondida por baixo, espalhada por entre. Agora é menos assim, e eu estou de acordo. Sempre achei que a exposição precoce ao sofrimento alheio e à doença passeada em cadeira de rodas ou em maca dessensibilizava. E, porém, cheguei ao meu Ciclo Clínico da Faculdade com o medo ao doente e à doença intacto. Mas hoje só vou falar de um professor que eu tive de nome Daniel Serrão, e que fazia de cada aula uma narrativa. Sei hoje, e já então o pressentia, que, por ele e mais dois, três ou quatro outros como ele, no Ciclo Básico da FMUP - no Ciclo Clínico não - eu fui um aluno privilegiado. As aulas do Professor Daniel Serrão eram um privilégio. A Cadeira que ele regia uma referência. O Professor Daniel Serrão está muito doente neste Hospital por onde há 32 anos vagueio. Saber que ele também por aqui andava mitigava-me a descrença. Desejo-lhe as melhoras, rápidas ou lentas, mas as necessárias melhoras. Qualquer ser humano é insubstituível. No caso do Professor Daniel Serrão esta evidência toma a dimensão de um mundo.

Sem comentários:

Enviar um comentário