terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Louvor e Defesa de Diogo Piçarra.

Eu nem sabia bem quem era o Diogo. O apelido é muito artístico, ele há outros Piçarras. Ganhou uns ídolos ou algo assim, e é giríssimo o que me enerva cada vez menos. Parecia destinado a ganhar o nosso Festival da Canção, com os votos do júri (a canção não é má) e do público/a (já expliquei o porquê. Desistiu.

A bomba surgiu pouco dias depois da meia-final: há uma canção (chamem-lhe hino) da IURD, essa simpática organização que trafica crianças, que é a música do Diogo, nota por nota. Pouco importa que a voz do pastor que canta simule uma tortura de felinos, enquanto o Diogo faz derreter os gelos da Gronelândia. A bomba tomou conta das redes sociais, redes que apanharam o nosso menino Diogo - a Eurovisão tem uma espécie de comité que analiza a originalidade de todas as canções a concurso, ergo corríamos o risco do nosso concorrente ser eliminado antes de cantar... Diogo Piçarra decidiu desistir para NOS evitar essa vergonha, e fez muito bem.



Já agora digo a minha opinião: uma canção não tem nada a ver com a outra, e acredito na inocência do Diogo. A melodia é do mais simples que há. Mas muitas baladas pop assim são. A letra está bem feita e o Diogo nem esgota os três minutos da praxe. O pequeno interlúdio musical podia ser melhorado, uns violoncelos e tal, mas a Eurovisão podia estranhar tal refinamento. Realmente o hino da IURD não se aguenta dez segundos, enquanto o Diogo Piçarra ouve-se até ao fim com prazer, e até dispensando a visão do borracho, que tem uma linda voz e é um bom intérprete. Para não ir mais longe, falando de canções "simplórias", lembro "Yellow Submarine" dos Beatles, adornada pela produção de George Martin, claro está. Ou "All You Need Is Love". Deste festival ficará a "Canção do Fim", não sei o que mais.




Já que o Diogo Piçarra desistiu fica-me o Janeiro, um  castiço que defendeu na primeira meia final meia canção (ou nem isso) mas onde navegavam estes bonitos versos:

"Há tantas coisas boas / Uma delas é estares perto / De que servem dez Lisboas / Se me sinto no deserto?"



Claro que estes versos não assentavam em canção nenhuma...

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