quarta-feira, 4 de abril de 2018

Comer com os olhos.

A Rita é uma simpática doente da minha consulta, nem cinquenta quilos terá, anos oitenta e cinco. Não há quem venha melhor vestido à minha consulta. Havia o sr. Caixeiro mas ele ultimamente tem-se repetido um pouco. A Rita vive ali para Penafiel ou Paredes, todas as manhãs vai tomar o pequeno-almoço ao café em frente à sua casa, a nacional de permeio, um mistério como ainda não foi atropelada. Vem de carro de praça a que a senhora que a acompanha chama de "táxi" mas não é. A consulta é uma risota, a Rita já me ameaçou com o dedo e já tentou puxar-me uma orelha. Aqui há dias ofereceu-me as clássicas amêndoas, brancas e cor-de-rosa. Ofereceu-mas dizendo que só "comia das cor-de-rosa, as outras deixo ficar". Sendo o sabor igual, pensando bem, aos oitenta e cinco como não ia a Rita saber (e pôr em prática) a velha sabedoria que diz que se come, e muito, com os olhos?

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