sábado, 23 de dezembro de 2017

Mais onze poemas de onze poetas - o que perfaz setenta e nove! Ou doze?

Agora estamos mesmo metidos nos anos setenta e, muito,  no "Cartucho". Vinte poemas embrulhados num  cartucho de papel fechado por um cordel chumbado, e quatro autores, três aparecerão abaixo, descreve Joaquim Manuel Magalhães (JMM) o terem saido da tipografia e sido parados no 28 de Setembro de 74 pelos comités de vigilância, a data do "Cartucho" acabou por ser só 76.  JMM decidiu que era tempo do "regresso ao real", que o fez só ele e todos os outros que começaram a escrever como ele, mas isso é outra história, oitenta, noventa, sigam os poemas, vá! Na verdade gente muito vária por aqui anda.



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NUNO GUIMARÃES (1942-1973)

Pendurado ainda sobre poesia dos anos sessenta, nomeadamente a Poesia 61 e o Carlos de Oliveira contemporâneo. Mais um meteoro poético, e houve muitos por cá. Que um livro seu se tenha chamado "Corpo Agrário" é o pouco que lhe resta de um neo-realismo há muito perdido.


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Palavras que rebentam. Aflorando
a pedra, a solidão, deslizam, vagas,
gramaticais, roendo inconformadas
as arestas, o atrito, puras. Quando

nos líquidos, no éter, na distância,
diluem-se e morrem acabadas.
Não nos corpos, nas rugas, nas arcadas:
combatem, rumorosas, cal e cântico.

É difícil atarem corpo e vida
aos que vivem e morrem subjacentes
subjazendo, talhados para mina.

Mas despertadas, bem ou mal medidas,
rebentam em ogiva, funcionais
chamas supostamente adormecidas.



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INÊS LOURENÇO (1942- )

Só publicou em 1980 e portanto não fez parte das guerrilhas dos setenta. A mulher dos Cadernos de Poesia - Hífen, por isso muito lhe devemos. Poesia presente, atenta. Protestante, diria.


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indolor


Se querem musa legal
e registada, hábeis
balbuceios desejantes, 
sentidos soporíferos de 
inócua saliva, não 
me leiam.

Porque um livro
é superior á vida (que 
de resto não é 
grande coisa). Pode-se 
fechar reabrir a
cada instante,
esquecer abandonar perder
e não dói nada.



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VASCO GRAÇA MOURA (1942-2014)

Outro caso de muito barulho à volta, ele é a política, ele é a tradução,ele é toda a intervenção pública, a Fundação Casa de Mateus... começou a publicar ainda nos anos 60, e a sua poesia, até talvez mais por teimosia do que por convição ficou-se por um classicismo fora do seu tempo. Uma boa antologia, que eu saiba, não existe. Terá exigido que não?


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FANNY


fanny, a grande
amiga de minha mãe,
ossuda, esgalgada,
de cabelo escuro e curto,
e filha de uma inglesa,

tinha um sentido prático
extraordinário e era
muito emancipada, para
os costumes da foz
daquele tempo.

uma vez, estando
sozinha no cinema, sentiu
a mão do homem a
seu lado deslizar-lhe
pela coxa. prestou-se a isso e

deixou-a estar assim,
com toda a placidez. mas abriu
discretamente a carteira de pelica,
tirou a tesourinha das unhas
e quando a mão no escuro

se imobilizou mais tépida,
apunhalou-a num gesto
seco, enérgico, cirúrgico.
o homem deu um salto
por sobre os assentos e

fugiu num súbito
relincho da
mão furada.
fanny foi sempre
de um grande despacho,

na sua solidão muito
ocupada num escritório. um dia
atirou-se da janela
do quinto andar
e pronto.



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CAEIRO, RUI (1943- )

Homem do mundo "& etc", começou a publicar discretamente e tarde. Sem partido nem escola, a água a correr do que escreve é da melhor qualidade.


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Deixar a vida como quem se cura de uma doença má
saborear o último momento como um fruto exótico
amarrotar o papel do poema derradeiro
expelir com um piparote 



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JOÃO CAMILO (1943- )

Um estrangeirado, nesta fase do campeonato pelos States, creio. Um académico exterior. Uma fixação antiga que ainda não descorou por completo. Poesia no limiar da prosa, do anonimato. Apontamentos.


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SE POSSÍVEL


Uma árvore à beira da estrada.
Eu estarei à tua espera ou surgiremos
os dois ao mesmo tempo da confusão
dos caminhos. A montanha perto ou
a planície com a seara e as papoilas.
A paixão já se terá tranquilizado
no teu espírito e no meu. Supor-
taremos o seu peso sem que nos
vergue para o chão a dor da emoção
intensa. Nesta vida ou na outra havemos
de encontrar-nos. Antes de morrer, se
possível, digo eu aos deuses, deixai-nos
remediar o erro, recuperar uma parte
da alegria antiga, do fogo que teria
queimado na nossa juventude a sua
pele e a minha, até nos rebentarem
as lágrimas de uma insuportável feli-
cidade nos olhos. Deixai, ó deuses,
antes de morrermos. Nesta vida.



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JOÃO MIGUEL FERNANDES JORGE (1943- )

Fernandes Jorge está entre os poetas portugueses do século XX que melhor conseguiram definir o seu território de escrita, e tão bem o fez que por ali quase ninguém o seguiu. Filho espiritual de Ruy Belo, par estratégico nos primeiros tempos de JMM, os dois entraram pelos anos setenta para redefinir o que era a poesia portuguesa. E conseguiram. Só antologiado por Eugénio de Andrade na colectânea "Eros de Passagem", a todos os outros reconhecimentos disse não, idem o seu par. A poesia de João Miguel utiliza um método meticulosamente fragmentado de retratar os quotidianos, acotovelando inúmeras vezes na pintura, a escultura, a História, para dizer. É como uma silenciosa (quase) corrente de água onde ninguém vai e, porém... por ali passou-nos o Poeta. É uma poesia absolutamente confessional e/mas completamente elíptica. João Miguel ensinou filosofia, e escreve. A sua vida, eis! Lembro-me do MEC o definir como o "maior poeta português vivo", acabavam então os anos oitenta. Era muito whisky, muita pastilha, meu. Mas a verdade é que nunca voltaste a escrever (e a pensar) tão bem!


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para a Fátima Maldonado


Todos podem compreender
a necessidade que tenho de partir
esta manhã.

Não penso senão no barco
que me vai levar.
É preciso que parta depressa
branco, sobre o Tejo.

Por causa desta manhã, 
por causa deste barco tenho vivido
todos estes dias
de vinho e do sol,

vejo-o brilhar,
branco,

eu
aqui sentado,
uma garrafa e um copo sobre a
mesa de mármore e ferro,

bebo
a um cais, a um sol, a um rio
ao branco navio
que me vai levar. 



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MANUEL ANTÓNIO PINA (1943-2012)

Que o jornalismo faz bem à poesia provam-no o Fernando Assis Pacheco e este, bem mais discreto, Manuel António Pina. O seu primeiro livro chamava-se "Ainda Não É o Fim Nem o Princípio do Mundo Calma É Apenas um Pouco Tarde", saído em 74, o que soa hoje um pouco a um manifesto de toda a sua poesia, que nos pede calma, e quase nos faz esquecer que é sempre um pouco tarde - demais. Entre o nonsense e Pessoa, do melhor que a segunda metade do século nos ofereceu.


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A poesia vai


A poesia vai acabar, os poetas 
vão ser colocados em lugares mais úteis. 
Por exemplo, observadores de pássaros 
(enquanto os pássaros não 
acabarem). Esta certeza tive-a hoje ao 
entrar numa repartição pública. 
Um senhor míope atendia devagar 
ao balcão; eu perguntei: «Que fez algum 
poeta por este senhor?»    E a pergunta 
afligiu-me tanto por dentro e por 
fora da cabeça que tive que voltar a ler 
toda a poesia desde o princípio do mundo. 
Uma pergunta numa cabeça. 
— Como uma coroa de espinhos: 
estão todos a ver onde o autor quer chegar? — 



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ANTÓNIO FRANCO ALEXANDRE (1944- )

Matemático, filósofo e poeta. Foi para França aos 18 anos e só voltou depois do 25 de Abril. O seu segundo livro "Sem Palavras nem Coisas", saído em 74, foi um acontecimento. Herberto Helder podia ter ido por ali mas não foi. Não publica desde 2004 ("Aracne", um livro redondo). Li algo sobre uma "terrível tragédia pessoal". O escrever de Franco Alexandre é o melhor dos últimos cinquenta anos em Portugal. E quer em poemas curtos, longos, meia bola ou jantar de amigos, a escrita de Franco Alexandre transforma-se na melhor música. Em ciclismo seria um all-rounder. Que não se levaria demasiado a sério. Ah, sim, também estava no "Cartucho".


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RELATÓRIO UM


a) alguns factos da nossa vida exigem uma teoria
que os confunda: assim estas coisas simples à transparência
se tornaram invisíveis, se deixam percorrer
numa prematura infâmia. não são excessivas as
palavras que a percorrem, como dentro da infância
os vestidos cor de água, as ágatas, a luz azul dos ogres, 
                                                           don't worry, we're safe
nos guardam: o grande imperador do pico de leste;
a senhora que torna o céu sereno;
os deuses das muralhas & dos fossos.
depois estremecemos ao olhar os toldos,
                                                           she wants the young american
era um linho muito brando. estes
são os factos, e uma linha de fogos incessantes, 
porisso se justificam igualmente
as inundações, a pestilência. não tem havido tempo
onde encostar o peso das aves. a exaltação,
& depois a necessidade destes juízos,
vêm de uma face longínqua que protege 
o olhar, ou a sua imperícia.
aos factos juntarei agora a permanência
de um pavor indeciso. deito-me num corpo, 
espalho na boca as sementes, o vidro, e ainda assim
acordo sem boca. as paredes, os toldos, e a desolação
dos animais absortos na brancura,
o meu país das Naus, de esquadras & de frotas
tudo se conjuga numa pequena caixa de latão
onde escondeste uma renúncia: quase descolorida.
este libro está dedicado a la historia actual, a la política.
Considera el pasado
                                unicamente como una introducción
                                                                           al porvenir
porisso certamente as naves, o seu cheiro a erva
quando ardem as velas,
                                     & o rumor azul
dos pássaros na água. 
este é um país de razões surdas, de vagas 
transparências, e depois despedimo-nos
com os telefones imóveis, opacos, oblíquos, os ombros
telescópicos & esse desejo torpe de ocultar-se.
ao pavor
ficarei devendo o auxílio, exactamente, oculto.
alguma face cai na água, no meio das velas, um rumor
exacto: este o enigma, as paredes absortas,
as janelas douradas onde espalhas 
a vasta lentidão do sofrimento.
                                           lembro-me
de te ter hesitado, algum horror imóvel
ao sangue, ao hálito das luzes.
dedico-me
                 à história actual, à política,
ao desatar dos nomes, à oblíqua precessão
dos telefones, estes são os factos, e a sua indecisão
não me permite recusá-los.
considere-se esta realidade imóvel unicamente
como uma introdução
                                   movimento
incessante das águas.
recuso-me a acrescentar a indicação das senhas 


b) o que caracteriza a situação é a dialéctica
minuciosa da exaltação & dos nomes.
esta define um primeiro sector de avanços & renúncias.
algumas noites o ciúme devora a insensatez
destas caixas secretas, e é muito tarde que te invento.
ficarei exausto dentro da tua voz. então
é necessário variar as dunas,
percorrer com decisão as ruas devastadas,
exigir um poder sem complacência.
tudo isto ignora a tua desolação, a minha
breve repugnância. mas essa é a lei que nos transformamos
à medida que as águas avançam.


c) só com a actividade revolucionária é que a tranformação de si
coincide com a transformação das coisas
e a transformação das coisas é, talvez, o lugar
de uma coincidência obscura
reunindo a transparência.
aceito a pele, a água, a leve repugnância
do teu suor imóvel, sei
que os teus ombros se apagam na nudez.
assim nasce o pavor. o futuro saberá
lentamente adiar o que sofremos, as naves,
o teu olhar dourado nas janelas.
trocaremos de sonhos, de lugares, de 
lágrimas, tão leves os teus dias me inventaram.
esta é, sem dúvida, a teoria sem a qual
pereceremos juntos.


d) alguns outros factos deliberadamente ocultos
se opõem a uma descrição exaustiva. uma vez
decidido o início, é fácil realizá-lo
no excesso das palavras. de dentro da brancura
soam as vagas que nos justificam, quando
& como se torna necessário. 
dedico-me unicamente
                      a uma cólera incessante,
este horror da tua transparência
desaparecerá, como as mais coisas que as palavras
tornaram invisíveis.
o céu será, então, torpemente sereno sobre as naves, 
os fossos inundados, a muralha.
estes, camaradas, são os factos. dez de julho, lisboa.


Refs.: D. Hockney; D. Bowie; A. Nobre; Trotsky, La Revolución desfigurada, trad., Madrid, 1929; Marx,  A Ideologia Alemã.



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NUNO DEMPSTER (1945- )

Deste homem nada sei. Que um livro de poemas chama-se K3 e é sobre a guerra na Guiné. Tem um blogue. Começou a publicar tarde, bastante tarde. Fora o tal K3 a sua poesia é concisa, seca, sózinha. Fica connosco e não vai - como não vamos nós - a lado nenhum.


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Senta-te no silêncio das arcadas
místicas da abadia. Frente a Cristo,
vai pensando nos ossos de Pedro e Inês
e na imagem do filho abandonado
pelo pai, quando Deus se tornou o
grito «Eli, Eli, lama sabachthani?»
Medita então na morte dos amantes,
como deles se foi a luz e a força
centrípeta que os chamava, o íman real
da gravidade humana, e pensa o grito
que alguém deixou no livro dos profetas.
Sai então do mosteiro, observa a praça
e as casas em redor, cruas de sol.
Onde estão Pedro e Inês? Ninguém os vê.
Um a seguir ao outro, a morte teve
a carne luminosa dos seus corpos,
e hoje os ossos antigos nada dizem:
o presente é o largo do mosteiro
e a lojista ao fundo que dispõe
a tralha de ‘recuerdos’ sempre iguais,
e nada irá surgir ali que espante.




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MANUEL GUSMÃO (1945- )

Foi deputado do PCP na Assembleia Constituinte. A publicação do primeiro livro de poesia só lhe aconteceu 15 anos depois, daí o equívoco de aparecer na antologia sobre os anos 90 da Quasi. Enfim... Poesia lenta, extensa. Usando excelentes meios e às vezes com bons fins. Feita por alguém que primeiro é um universitário das letras. Ainda milita no PCP, pelo que sei.


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O MUNDO QUANDO NÃO ESTAMOS A OLHAR


(...)


s;


Durante anos e anos inventou paisagens - 
A mão ensinara-o a fazer herbários - mas ele
dedicou-se à arte narrativa das paisagens

Ano após ano armazenava as que ia fabricando
cidades marítimas que os desertos enterravam; 
cidades herbáceas do interior, encravadas entre estratos
de xisto; cidades de mármore rosa onde nasciam verdes rios.

Nascera numa família que, feitas as escrituras da terra,
fora acompanhando a fuga do mundo e conseguira
imobilizar o tempo. O tempo assim imóvel, tinha sido
a vez de arquivar as razões da terra, os papéis da casa, 
os livros de poesia; E, agora, através dele, 
o mundo, que os ia deixando para trás, 
guardava as suas paisagens.

Como as fazia, assim as via diante de si: as imagens
das coisas vivas e mortas e das coisas em trânsito. 
Deitava-lhes a mão, modelava-as e sonhava;
Olhava com vagar o sonho; o mundo podia ser,
era como se fosse: um teclado que acendia e
iluminava por dentro as palavras, as paisagens.

Depois esperava que cicatrizando se tornassem
as formas evidentes e enigmáticas do mundo
que ele guardava como um arquivista paciente.

Então um cão vinha pôr-se à sua frente, olhando-o
Enquanto as aves brancas desciam e o rodeavam. 



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JOAQUIM MANUEL MAGALHÃES (1945- )


"Os Dois Crepúsculos" são o seu opus magnum, na realidade. Nesse livro, publicado em 1981, ditou um novo cânone. Anões (Quasi, etc.) decidiram arrepiar caminho e reescrever a coisa, por isso a poesia está como está. Lembro-me dele numas provas quaisquer na FLUP, era ele parte do júri. Um convencido com uma voz empolada, o casaco - sonhei? - era azeitona e de veludo. A sua poesia ganhou foros de primeira linha com os livros "Os Dias, Pequenos Charcos" e "Segredos, Sebes, Aluviões". Cada livro era aguardado com ansiedade. Tudo isto implodiu quando em 2010 a reescrita completa da sua obra poética, "Um Toldo Vermelho" aconteceu. Como se uma nova poesia ou então o criador a matar a sua criação, pois que do real, na nova versão, nada ficava. Corrigir portanto acima, JOAQUIM MANUEL MAGALHÃES (1945-2010).


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A TAÇA VAZIA


De muitas das coisas, das que mais amo são as fogueiras.
Às vezes acendem-se à beira do mar, uma grade
quebra nos rolos de fumo onde podia agora a tua boca
curvar-se para a minha.
Cobrem o céu com a carlinga abrupta dos clarões,
semeiam a noite de inverno, a noite, ramagens, troncos,
a solidão das faúlhas, a granada que não vais lançar.

Quantas vezes ao encontrar um corpo, depois
das conversas espias que produzem o encantamento,
descubro que não encontrei ninguém.
Deitavas-te na banheira, só a água te prendia,
esse motim de cicatrizes navegantes
a que chamei nostalgia no bastião das ruas.
Tu sabes como cantam ainda, futuras, fortuitas,
a toalha, a colónia, o talco, tu sorris,
não é a mim mas ao que vem, ao golpe de cada um.

Vagas do fundo do céu afastam-nos do gatilho
da fogueira sem fim, a encina, o canavial,
primeiro incendiado, depois um mapa que desiste
alguém, nós dois, vê-se de alto a baixo rasgado.
Quantas vezes, depois de enredos furtivos, descobri
que nada nos teus olhos seguia o que meus olhos viam.
Cavalo e cavaleiro paravam no descampado de febre.
E já era tarde. A primeira geada, a harmonia da extinção.



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JOAQUIM MANUEL MAGALHÃES (1945- )

E não, não me estou a repetir. Antologio aqui "Um Toldo Vermelho", e é na realidade outro poeta. O real foi-se. Fica a enumeração léxica, o uso das mais estranhas palavras, o salto descarnado que obviamente só serve a "quem lá esteve", i.e., o  Autor. Que linda despedida! Porém, como já notaram, Gil de Carvalho faz melhor.


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O ruivo plexo
ruma abolido,
efémero de treva.

O cinzel deprava,
o rombo baldio de um cereal
ressoa na faia.

Bem-vindo ao latão do crivo.
À lúgubre origem.

Plano cordato que não prosseguiu.



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