"Parade" foi disco do ano 1986 para a revista "Face". Era irrelevante ser a banda-sonora de um filme intragável. O realizador do filme e autor das músicas era Prince Roger Nelson e o disco era redondo, perfeito. Eu comprava naqueles dias a "Face" mas antes da nomeação eu já sabia: "les enfants qui mentent ne von't pas au paradis!" E o disco era tanta mais coisa do que a canção "Kiss".
Em 1987 a mesma revista "Face" colocava em número dois o Duplo LP "Sing'O'Times". Não me lembro do número um. Prince tomava o caminho oposto e em vez de uma banda-sonora conceptual abria o caixote e fazia canções para todos os gostos.
Em 1986 e 1987 musicalmente fui muito feliz. Conhecia as batidas, os baixos, os solos, os gemidos e as catch-frases de cor.
Um doente meu, um rapaz perdido que veio curar a sua endocardite da Bélgica para Portugal e para um certo Piso 8, ofereceu-me em cassette "Purple Rain", anos depois. E descobri por então também "Around The World In A Day". Nesse ano, 93, musicalmente, também fui muito feliz.
Prince ficou mortalmente ferido quando o hip-hop tomou conta da black nation. Um génio da composição pop, black people didn't pop anymore, élace! O nível estratosférico do seu catálogo de canções e da sua linha de música também nos faz esquecer que há quem diga ter ele sido o melhor guitarrista desde Hendrix.
Prince deu-me uma canção para tudo. Eu, portanto, para tudo tenho uma canção e isto não há dinheiro nem gratidão que pague.
Este mês de Abril nevou muito. Eu devia ter percebido.
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