Barcelos é um concelho grande. Dividido em inúmeras freguesias. Que, após a fusão de umas quantas, ainda são muitas. Não admira que haja duas, uma percentagem afinal pequena, que se dediquem aparentemente bastante à prostituição, a saber: Palme e Feitos. Ou apenas cedem o espaço?
Fiz muitas vezes por estrada o caminho Valença-Porto no últimos anos do século passado, por ainda não haver auto-estrada. Por puro aborrecimento variei a rota aqui e ali. Uma das opções que me pareciam mais interessantes, desde que a pressa não fosse exagerada, era fazer a estrada Viana-Braga, ou seja, a Nacional 103. Que quando entra no concelho de Barcelos entra ao mesmo tempo numa zona de floresta relativamente fechada e homogénea, eu sei que não autóctone, eu sei que não especialmente viva em espécies animais, mas extensa o suficiente para esquecer que estamos a entrar no Baixo Minho, esse excesso de casas, armazéns, fábricas e mamarrachos que tantos desgostos nos dá on the way. Mimosas e eucaliptos convivem com platanos, carvalhos, etc. Lembro que antigamente eu conhecia as "mimosas" pelo nome de "austrálias", sem saber ser a Austrália a verdadeira origem da infestante. Estes quilómetros de floresta, atravessados por uma estrada predominantemente recta, terão sido ou ainda serão o alfobre duma das zonas com maior prostituição de estrada do Minho - a famosa "recta dos Feitos", pois o coberto vegetal termina quando abre para as casas e os campos de Feitos. Do século passado não me lembro de nenhuma carne assim exposta na interessante estrada. E esta semana quando lá passei também não vi nada parecido.
Em Ovar a zona mais conhecida de prostituição de estrada foi a Estrada da Mata, que liga as traseiras do Furadouro a Maceda e Cortegaça. Uma vez, há muitos anos, ao deambular de carro após uma noite de Urgência e porque, novo, muito novo, me recusava a ir dormir, vi por entre os pinheiros da Estrada da Mata uma dezena de jovens que descansava - dormia? - em cima da caruma, suponho que à espera da recolha, o trabalho nocturno feito. A fotografia teria sido fantástica , tivesse eu tido câmara e coragem. Hoje em dia a Estrada da Mata tem uma ciclovia e foi "domesticada". Lembro que a Mata é um pinhal extensíssimo e pertence maioritariamente ao Estado. Ali quase de certeza já não há putas. Em Feitos e Palme talvez tenha tido apenas azar nas minhas passagens, afinal apenas ocasionais. Ou sorte?
Tenho no entanto uma pena imensa de não ter feito aquela fotografia na Estrada da Mata, vai para vinte e mais anos. A imagem daquelas mulheres merecia melhor recordação.
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