domingo, 1 de maio de 2016

Ainda 'O Bosque', escrito em 2012, no consulado.

'Mas não esqueço a insolência dos políticos. A arrogância da sua nenhuma dúvida. Parece que não têm de lutar com problemas, esse é um aspecto que pertence aos governados, que são todos aqueles que para além de terem de enfrentar as suas incertezas íntimas - doença, desemprego, desagregação das classes sociais - têm ainda que suportar o oposto do estranho, as impressões que a dominante reles casta lhes vai quotidianamente roubando. Há muito que o estado em lugar de ser vigilante do seu espaço de nação, se exerce de um modo negativo; isto é, rouba-nos tempo - a descoberta que só podemos fazer através do pensamento. E quem entre os nossos políticos de hoje esboça uma compreensão do país que governa? Quem se importa já com a imagem de que cada um dos portugueses possa ser mais do que o conteúdo de um frigorífico, do carro a trocar, ou de uma viagem a paragem distante - mas há todos aqueles, e cada vez serão mais, que procuram nos contentores do lixo um pedaço de pão - e lhes queira dar em troca um sentimento de utilidade nacional e um olhar de grandeza sobre o seu modo e forma de existir.'

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