segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Dos burkinis e outras merdas.

A França vive tempos difíceis. Portanto, de forma a confrontar o inimigo hediondo, decidiu proibir o burkini. E o burkini o que é? Um fato que cobre todo o corpo menos a face e que permite a mulheres mais pudendas - habitualmente muçulmanas - ir à água na praia. O nome é infeliz porque deriva da burka que, esta, cobre tudo E a cara. Aliás a proibição da burka e do niqab em muitos países deriva de questões securitárias que no burkini praieiro não se colocam. Então?

A memória será curta. O meu pai nunca vestiu uns calções para ir à praia. A minha mãe usava um fato de banho de peça única que destoava do marido vestido com roupas leves mas completas e que usava o areal para dormitar e passear à beira-mar. A maior parte das vezes a minha mãe nem removia a saia, ficando assim numa solução intermédia: a praia era um espaço social - conversa com as cunhadas, o exercitar das artes da renda, do crochet - e que não a eximia dos deveres dos lanches, das toalhas, da vigilância dos mais novos - do mais novo que era eu. 
Um "maire" disse que o burkini não é higiénico. Tendo em conta que uma percentagem importante da população ainda usa o mar para satisfazer a primeira das necessidades, não sei... Na Córsega alguém quis tirar uma fotografia a um burkini. O marido não gostou, etc., etc. Uma discussão perfeitamente possível na minha Praia do Furadouro excepto talvez os carros queimados, as pessoas esfaqueadas que foram parar à urgência... 

O problema mais grave que a França tem para resolver é mesmo o burkini...

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