Em alguma curva finalmente vê-se o rio e vê-se a curva ampla e imponente que o rio faz depois de passar no nosso destino que é o Peso da Régua, no sentido do poente.
O Peso da Régua é a Casa do Douro. O vinho desce das encostas e vem fazer a riqueza da terra. E há o Museu do Douro e a Douro Azul. Mas há muito mais, para várias bolsas e opções. Barcos e barquinhos esperam a sua vez para o passeio. Vozes em estrangeiro ressoam dos barcos, potencionadas por microfones, até à margem - a Régua fica efectivamente num vale, numa cova.
Da N2 derivamos à direita para o centro da cidade. Primeiro é o Peso. Descendo por estreitas ruas empedradas acabamos na Régua, que fica na beira do rio. Para jusante Godim, absorvida pela cidade talvez pela maior facilidade de construção - terrenos mais baratos, o declive mais suave, a única área de expansão realmente possível. Para o outro lado quem sobe ficam as pontes, a que era para ser ferroviária e acabou rodoviária - e que ainda o é - e a metálica que hoje é só pedonal - e onde eu vejo tão pouca gente a passear. Não percebo estas costas voltadas para a ponte metálica que salva o Rio Douro. O Rio sem o qual nada disto - vinho, terras, barcos, falar estrangeiro ao microfone - nada disto acontecia.
Em frente ao barco-avião estacionado da Douro Azul uma família de ciganos vendia chapéus. À sombra de uma glicínia que preenchia um esboço de uma pérgola em cimento caiada de branco uma rapariga acreditada vendia os Rebuçados da Régua. O Peso da Régua tem um frenesi, um nervoso que eu acho que lhe advém do dinheiro que para ali escorre e agora mais, o turismo em alta. Os Rebuçados da Régua uma metáfora para esta hipótese de paraíso que é o Douro, um exagero de doçura.
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