segunda-feira, 23 de julho de 2018

Do que eu me lembro da Guiné - segunda parte.


O Hospital Central de Bissau chama-se "Simão Mendes", um enfermeiro herói dos tempos da guerra da independência. O calor era muito. Bissau é um enorme mangueiral com ruas e casas pelo meio. De vez em quando uma manga cai ao chão. O Hospital é uma construção colonial onde foram feitos acrescentos e remendos. Num pavilhão pre-fabricado numa lateral ia eu fazer a minha primeira conferência sobre o AVC.
O ensino médico pré e pós-graduado na Guiné é cubano. Foram os cubanos que me emprestaram o material para fazer a minha apresentação, assistentes os internos das mais diversas especialidades. Que foi feita. Bebendo muita água. Duas coisas apenas: o Simão Mendes não tem um aparelho de TAC. Ele só existe (o único do país) no Hospital Militar e, às vezes, funciona. Outra: o único anti-hipertensor endovenoso disponível chama-se furosemida.
Almoçámos no restaurante do Hotel Coimbra, bem. Arrisquei ao usar gelo local na cola. 
O calor complicava aquela coisa de não expor braços nem pernas porque haverá mosquitos e... Todas as manhãs tomava o meu Malarone religiosamente. Descansámos um pouco no hotel e depois, por questões colaterais que não são aqui chamadas fomos visitar uma casa antiga, abandonada, colonial, que pertencia a um antigo comandante do PAIGC. A guerra, a dura guerra da Guiné, sempre presente. O nosso anfitrião fez a guerra na Guiné e ele e o comandante partilharam memórias bem comuns. Conheciam os mesmos sítios, falaram das mesmas batalhas, paradoxais aliados.
Ainda me foi também apresentado o porto de Bissau. Que vi? Um molhe um pouco maltratado e uma imponente maré vaza sobre a qual pousados estavam vários barcos, à espera que a água voltasse. Acho que só me foi apresentada parte do porto. Ao longe o mangal.
Jantámos uma óptimas entradas e umas excelentes pizzas na Pizzaria Bistro.
 

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