terça-feira, 24 de julho de 2018

Do que eu me lembro da Guiné - terceira parte.

 
Bissau deve ser das cidades do mundo com mais farmácias. Há centenas. Percebe-se que o mercado é mesmo livre e que na Guiné não haverá nada parecido com o Infarmed a funcionar. Os nossos anfitriões possuem uma farmácia que só importa de Portugal - e que por isso assim se chama, Portugal. Visitei-a. Não conseguia competir em preço com as demais. Várias caixas de medicamentos estavam marcadas. O doente só tivera dinheiro para comprar "x" comprimidos. Quando tivesse mais dinheiro voltaria para comprar mais.
A Faculdade de Medicina fica um pouco desviada do centro de Bissau. Desviada do centro equivale a mais buracos na estrada, muitos. A Faculdade de Medicina é uma oferta e um esforço cubanos. Para a minha segunda palestra fui recebido num auditório pelos alunos e o grosso do corpo docente. A decana mandou levantar os alunos quando entrámos. O respeito cubano é de louvar. Não há hoje cá anfiteatros assim tão atentos, embora o rácio de telemóveis presente fosse similar. Na minha opinião correu bem.
Bissau é atravessada por uma Avenida / Auto-Estrada com aproximadamente duas faixas de rodagem de cada lado e um separador central. Nela circulam predominantemente dezenas e dezenas de táxis azuis e brancos decrépitos. Nela acontecem várias rotundas onde entrar faz lembrar os velhos tempos da Rotunda da Boavista sem semáforos mas melhor, melhor... e atenção que em toda a minha estadia não vi um acidente. Um enorme mercado informal acontece num dos lados desta Avenida, o mercado de Bandim. Que à noite é limpo meticulosamente, o que em Bissau é obra. Para que no dia a seguir tudo volte a acontecer.
Jantámos em casa dos nossos anfitriões, opiparamente. Foi o meu primeiro contacto mas não o último com os camarões da Guiné. No quintal, enquanto a conversa, alumiada por um luar magnífico, se prolongava pela noite dentro, de vez em quando acontecia o som de uma manga a cair.
 


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