quinta-feira, 30 de novembro de 2017

O Belmiro e o Zé Pedro.

Morreram com o intervalo de um dia e tinham dezoito anos de diferença de idade. São ambos, "à sua maneira", figuras que definiram Portugal quando este se fez como é hoje, sem remédio, ou seja, nos anos oitenta.
Começo pelo Zé Pedro. A cara mais bonita, mais new wave do que punk, dos Xutos, durante uns tempos o parceiro de vida da minha voz preferida desses tempos (a Xana dos Rádio Macau), a cara e o corpo esgalhado do Zé Pedro caucionaram uma música que de revolucionária ou brilhante teve pouco mas que forneceu num par de discos meia dúzia de hinos para os nascidos depois do 25 de Abril. Quem como eu teve que aguentar um comboio suburbano de adolescentes, que iam espalhar hormonas de fim-de-semana ao Porto, a cantar em coro Xutos E Bryan Adams entende o que eu quero dizer. Um verdadeiro cavalheiro, boa gente, dizem. Sim, mas disso tenho eu tido na minha consulta em subida dose. Zé Pedro, um abraço, pá. Foge do panteão, meu. 
Quanto a Belmiro de Azevedo, o herdeiro de Afonso Pinto de Magalhães que era o "banqueiro do povo" (do Norte?), Belmiro não era banqueiro nem nunca se preocupou com o povo. Era... engenheiro. Inventou o Continente - onde com os nossos baixos salários vamos comprar promoções que nos são vendidas por assalariados que ganham ainda menos do que nós. Percebeu que o futuro era o consumo e o resto é história. Agradeço-lhe o Público e por aí me fico. Que se levantava cedo? Eu também e dois terços de Portugal. Não me consta que frequentasse o metro ou um cacilheiro. Aproveitou a estadia de Pinto de Magalhães - discute-se a lisura - no Brasil e tornou-se imprescindível na Sonae. Criticou querer a família do mesmo suceder-lhe mas o seu sucessor é seu herdeiro e chama-se Paulo de Azevedo. É o filho. Eu de Marco de Canavezes ainda prefiro a Carmen Miranda.

Sem comentários:

Enviar um comentário