terça-feira, 1 de março de 2016

The Big Chill - 1983.

Whatever happened to Lawrence Kasdan? O  ano passado co-escreveu o argumento do último Star Wars. Pelo que o dinheiro deve estar ok. Mas a sua carreira como realizador está parada após alguns tiros no pé. Enfim, muitos. Kasdan comecara com argumentista para... George Lucas e Steven Spielberg mas... nos anos 80 quem iria adivinhar este desfecho? Em 1983 "The Big Chill" foi um dos filmes do ano. Foi nomeado para dois óscares e não ganhou nenhum. Em Portugal marcou um tempo e definiu uma geração, a geração dos "Amigos de Alex" que, muito provavelmente, pouco terão tido em comum com o mundo descrito ao detalhe pelo filme em questão.



A história do filme é simples: seis amigos do tempo da universidade reencontram-se num fim-de-semana porque um dos dos seu grupo, Alex - a ser representado por Kevin Costner em cenas que posteriormente foram cortadas - se suicidou. No cast estão Kevin Kline, Tom Berenger, Jeff Goldblum, Glenn Close, JoBeth Williams. Como a namorada mais nova de Alex aparece Meg Tilly. Todos eles seguiram os seus caminhos, bons ou maus, e cada personagem é na realidade parte de uma mitologia, de uma hipótese de trabalho sobre como sobreviver aos anos sessenta - coisa que Alex não terá conseguido. O filme consegue e não consegue ultrapassar o esquematismo dos personagens. Kasdan é sobretudo um argumentista, um brilhante escritor de diálogos, e nota-se. E o filme, lembram-se, tem aquela óptima banda sonora. Eu acho que este filme fez mais em Portugal pelo revivalismo da soul americana do que qualquer programa de rádio. Os portugueses redescobriram Marvin Gaye, Smokey Robinson, Otis Redding e por aí adiante. Há uma questão lá pelo meio do filme onde eventualmente nós não conseguimos acompanhar o argumento, sim, é quando "When A Man Loves A Woman" aparece. Mas o resto é razoavelmente credível. A solução William Hurt/Meg Tilly também é estranha mas, pronto, eu adoro William Hurt. Chloe, interpretada por Meg Tilly, é uma imagem de um futuro possível e, "abandonada" pelo idealizado Alex, vai "acolher" o mais magoado de todos, Nick. Há também aquela mistura entre a nostalgia de "todas-aquelas-drogas" e a novidade de "vamos-fazer-um-vídeo-confessional". O personagem mais odiado de todos é Richard, interpretado por Don Galloway, o marido de Karen/JoBeth Williams. O filme detesta-o pois ele pertenceu à geração mas "não esteve lá" porque não quis. E diz isto: "And that's the way life is. I wonder if your friend Alex knew that. One thing's for sure, he couldn't live with it. I know I shouldn't talk; you guys knew him. But the thing is... no one ever said it would be fun. At least... no one ever said it to me." 
Esta tirada divide "a malta" naqueles que "wanted to have fun" e os que não. Percebemos de que lado está o filme, e de que lado queremos estar nós, tão boa é a música e tão bem escritos os diálogos, tão "certos".

Este filme envelheceu mas ainda se vê bem e ouve-se melhor. 
Em Portugal, quem foram os nossos amigos de Alex? Querem um exemplo? António Guterres nasceu em 1949. António Mega Ferreira também. Fuck! Querem um exemplo para fazer de Richard e todos o odiarmos? Fernado Nogueira: nasceu em 1950. 
Agora a verdade é que a geracão dos "Amigos de Alex" portuguesa foi a geracão dos adolescentes que viram este filme e acreditaram em toda a sua mitologia - e isso atrasou-nos uns bons anos e fez-nos votar duas vezes em Guterres, se não me engano. 


Sem comentários:

Enviar um comentário