The Quiet Man é o filme de John Ford que eu prefiro. Talvez por não ser um fã do western ou do filme de cavalaria. Ou ainda porque The Quiet Man tem Mauren O'Hara.
Trata-se de um filme saído em 1952, e é um velho projecto de John Ford, homem com raízes irlandesas, que ele finalmente consegue realizar nos estúdios Republic, uma segunda linha. John Wayne é um irlandês que volta da América para comprar a casa que foi dos seus pais. Todo o resto é a Irlanda que nós não sabemos se alguma vez existiu mas supomos que antigamente assim seria, pois os arquétipos, como as lendas, alguma razão terão para existir. O filme, um clássico, é intemporal. Tem detalhes que só por si valem a visita. Mas hoje queria falar sobre a cena final.
Li algumas coisas na internet sobre o fantástico papel de Maureen O'Hara. Incluindo algumas considerações sobre o anacronismo das relações homem-mulher no filme e, inclusive, algumas menções bastante explicitas à violência do personagem masculino representado por Wayne. A relação entre John Wayne e Maureen O'Hara é tempestuosa durante todo o filme mas nunca violenta. "Sacudida" talvez, violenta não. Na famosa cena de pugilato - com o irmão dela - em que John Wayne pretende voltar a ganhar o respeito da aldeia e o da esposa, uma assistente - mulher portanto - oferece-lhe um pau para que ele possa "educar adequadamente a sua adorável esposa". Na última cena Maureen O'Hara segreda algumas palavras ao ouvido de John Wayne e este depois segue-a saltitando para dentro de casa. Consta que essas palavras segredadas ficaram em segredo entre os dois actores e o realizador. Ninguém reparou porém que imediatamente antes do segredar John Wayne tem um pau - será o mesmo? - nas mãos e Maureen O'Hara lho tira das mãos e atira-o para o chão, sem mais. Este final feliz, que o é, inclui este detalhe, mas que é - oh tão - importante.
The Quiet Man é um filme que os homens portugueses não viram.
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