Fui ver este filme a uma sessão do Cineclube de Joane, na Casa das Artes de Famalicão. Não sei se teve exibição comercial em sala o ano passado. Servia este filme para apresentar Nanni Moretti à minha filha. Servia mas não serviu. Porque não é um "daqueles" filmes de Moretti.
É costume de Moretti fazer um cinema palavroso, seja ele ou não o actor principal. O drama, o humor e o absurdo invadem a tela e dividem a atenção. A música, habitualmente italiana e comercial, ilustra, precipita, resolve a acção. Nada dito acontece em "Mia Madre".
O filme é sobre uma realizadora de cinema que faz um filme político onde John Turturro é o actor americano convidado e que tem - a realizadora - a mãe internada com uma doença grave e que, depois percebemos, vai morrer. A realizadora de cinema tem uma filha, um ex-namorado que é actor no filme, um ex-marido, e um irmão - interpretado por Moretti - que tirou uma licença sem vencimento para acompanhar a doença da mãe. Há momentos extremamente engraçados com Turturro, sim, mas são um engraçado até "natural", credível, um actor americano mediano mas americano no meio de uma produção mediana italiana. Aqui não há qualquer absurdo. E o resto não cresce, não sobe, não abre. O filme quase desce ao nível de um documentário ou dum docudrama. Às vezes quase perguntamos: onde está o filme?
O filme está ali entre a realizadora e a sua mãe. E é nessa relação difícil - um ménage a troi entre duas mulheres e uma doenca terminal - e só aí que ele está e ganha asas. Em pequenos detalhes. Em sonhos vistos. No silêncio. Não me lembro de um filme de Moretti assim silencioso. Ou com uma régie tão parcimoniosa. Filmam-se os livros da antiga professora de latim que ainda ensina a neta a declinar por entre nebulizações e oxigénio. Os seus antigos alunos. Talvez a agonia aconteça demasiado bem. Talvez a figura de Moretti - o irmão - seja demasiado contida - nunca Moretti representou assim, que eu tenha visto. Mas o fim - "domani!" - é perfeito.
O filme está ali entre a realizadora e a sua mãe. E é nessa relação difícil - um ménage a troi entre duas mulheres e uma doenca terminal - e só aí que ele está e ganha asas. Em pequenos detalhes. Em sonhos vistos. No silêncio. Não me lembro de um filme de Moretti assim silencioso. Ou com uma régie tão parcimoniosa. Filmam-se os livros da antiga professora de latim que ainda ensina a neta a declinar por entre nebulizações e oxigénio. Os seus antigos alunos. Talvez a agonia aconteça demasiado bem. Talvez a figura de Moretti - o irmão - seja demasiado contida - nunca Moretti representou assim, que eu tenha visto. Mas o fim - "domani!" - é perfeito.
Moretti pretendeu dat-nos a sua opinião sobre o que fica de alguém depois da morte. A sua mãe - mais um filme algo autobiográfico - era professora de letras/latim e falecera poucos anos antes. Moretti conseguiu e bem.
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