A Blandina telefonou-me na quinta-feira, não queria vir à minha consulta, não queira, era a última, seguida em várias subespecialidades que orientavam adequadamente os seus problemas médicos, supérfluo, parecia-me, o tempo que perdia comigo duas a três sextas-feiras por ano. Mais nova do que eu, cega por retinopatia diabética, a fazer hemodiálise. Não queria vir porque não queria chorar, disse. Conheci-a ainda a ver - pouco, é certo - e bem antes da diálise. O seu nome lembrava-me porventura aquele personagem de Victor Hugo de um determinado livro. E talvez não, as suas consultas sempre um riso. Talvez por isso o faltar. Que não veio.
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Outra doente também me disse que pensara em não vir, a visão também muito pior, aqui uma conjugação de desgraças oftalmológicas cujo reconhecimento me ultrapassa. Haverá no horizonte um transplante que mitiga não resolve, haverá, disso eu nada sei. Disse-me que, porém, ainda via a bata branca e eu, por uma vez, coisa em mim tão rara, senti-me contente por a ter vestida.
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