segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

A prisão do admirável homem novo.

Está preventivamente preso em Évora o admirável homem novo. Nos últimos quinze, vinte anos, muitos de nós quisémos ser como ele, ou que os nossos filhos o fossem. Esperto, decidido, não olhando a meios para os fins, discurso pronto, simpatia quanto baste, ferocidade logo ali. Na prática sem escrúpulos materiais mas não disposto a matar, com a pátria na ponta da língua mas oh tão distante do coração. E capaz oh tão capaz. É para fazer ETAR's? Aqui vão ETAR's! Eólicas também! E auto-estradas e barragens. Pelo caminho cortinas de fumo - o casamento gay, o aborto. O punho erguido mas porque pode dar jeito para dar um murro. Ele era o admirável homem novo e achava que o país lhe devia muito, embora tardasse em o reconhecer. O dinheiro desviado era como um pagamento adiantado, devido oh se devido. O lugar na história logo ali.

Está preso em Évora o admirável homem novo. Lá fora está frio mas sol. Só tenho pena pela minha amiga - e doente da consulta - Rosa, desde sempre apaixonada pelo seu José.

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