quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Agostinho - 3.

Outra coisa que se deve dizer sobre Joaquim Agostinho é que ele foi dos melhores contra-relogistas (CR) do pelotão internacional nos anos setenta. Tomei melhor consciência disso ao ouvi-lo da boca de Marco Chagas numa dessas transmissões televisivas da RTP-1 sobre ciclismo. Mas as palavras usadas pelo ex-companheiro de Agostinho: “ele era sobretudo um contra-relogista”, não fazem jus ao trabalho feito por Agostinho na montanha. 
Nas treze paarticipações no Tour, em cada ano houve sempre pelo menos um CR onde Agostinho terminou no top dez. Já o mesmo não se pode dizer sobre as etapas de alta montanha. Mas se Agostinho não subiu tão bem em 1970, 1973 (era “aguadeiro” de Ocaña, tinha outras obrigações), 1975 ou 1977, nos anos de 1971 e 1972 e, depois, no triénio 1978-80 houve sempre etapas de alta montanha com Agostinho no pódio, tendo a culminar a vitória no Alpe d’Huez em 1979 – aliás nesse ano o Alpe d ‘Huez subiu-se duas vezes, podendo considerar-se Agostinho, com um 1º e um 4º lugar, o vencedor destacado da dupla jornada. 1979 foi o ano em que a participação de Agostinho no Tour foi mais espectacular. Houve duas cronoescaladas (CR a subir), uma logo ao 3º dia onde Agostinho foi 2º a 11’’ de Hinault, colocando-o no pódio, donde foi apeado por dois CR por equipas quase seguidos. Na etapa 9, no empedrado para Roubaix, caiu e perdeu mais de 14’. A recuperação começou na 2ª cronoescalada, esta de 54km, onde foi 3º. Antes das etapas do Alpe d’Huez Agostinho tinha recuperado até ao 10º lugar. Depois das duas etapas referidas era 4º. No último CR bateu Hennie Kuiper por 2’ e subiu, pela 2ª vez consecutiva, ao pódio. Os 26’ de diferença de Hinault não contam a história toda, metade pertencia à etapa para Roubaix, outros 3’ pertenciam aos CR por equipas…
O último tour de France de Agostinho aconteceu aos 40 anos de idade, em 1983. O 11º lugar alcançado alicerçou-se em três CR’s no top dez. 
QOD…

Sem comentários:

Enviar um comentário