quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Gravity.

Por ter visto "Interstellar" fui rever "Gravity". Cuarón, o realizador, já mostrou antes a sua capacidade de realizar e sobreviver à realização de grandes filmes grandes, como por ex. "Children of Men". Gravity devolve - e "Interstellar" só veio confirmar essa tendência - o silêncio ao espaço. O som precisa de ar. Que no espaço não existe. Deste 77 e "Star Wars" o espaço era barulhento de uma forma incorrecta e parva. "Gravity" tem um óptimo 3D mas agora em televisão - sem 3D - vê-se na mesma bem. Bullock, aquela rapariga que se parece demasiado com Michael Jackson, suspira e geme demasiado, interrompendo demasiado o dito silêncio. Nunca diz um palavrão e duvidamos que alguma vez tenha conhecido o prazer. Tem uma história, mas tem a espessura de uma folha Navigator versão genérica. Clooney aqui está bem , até na sua re-intrusão em "pos-op", afinal talvez onde o filme se faz maior. Repito, Bullock não funciona a 100%. O final do filme é apenas... médio. Como diz a minha filha, os colegas dela da escola criticam o filme ser "uma gaja duas horas à deriva no espaço". Mas ela contrapõe, e eu concordo, ser isso não um defeito mas uma qualidade que Bullock defende com visível esforço embora resultados variáveis. Serve sim o corpo dela, frágil e esguio, fetal a meio do filme, em fuga para a superfície e para a gravidade-mãe no fim. Bullock não permite maior espessura ao filme. Não sabemos se esse era um objectivo ou se apenas calhou assim. No fim elea ergue-se. E? Este filme não é 2001 mas vê-se muito bem.

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