quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Yin Shi Nan Nu.

"No other culture is as food-conscious as that of the Chinese.  As an integral, indeed a central, aspect of Chinese culture, food in the way ingredients are chosen and prepared, the utensils in which they are cooked and served, the manner in which they are first displayed and then consumed, and the properties they are believed to possess is more than nutrients for sustenance.  Food may be used as demarcation of cultural identity, as ritual, as medicine, as means of communication, and as a prelude to and the conclusion of sex." Richard Shek, paper presented at the Sinology Conference, held at California State University, Sacramento, 2005.


"Yin Shi Nan Nu" ou, em Inglês "Eat Drink Man Woman" é o terceiro filme de Ang Lee e aquele que o trouxe para o mainstream americano. Logo no ano a seguir fazia "Sense and Sensibility".
Dividem-se os sites sobre a que parte de Confúcio está o filme ligado mas, como sempre, a resposta é que o segredo está nas duas ligações: por um lado Confúcio assumiu que comer, beber e o sexo eram os desejos principais dos humanos e como tal deviam ser encarados. Por outro lado este filme trata dum dos pilares da sociedade chinesa, o "respeito e dedicação que é devida pelos filhos aos pais". Neste caso três filhas e um pai, viúvo.

O Sr.Lung é um chef que cozinha para as suas três filhas um banquete todos os domingos, a que elas chamam "o ritual de tortura de domingo". Ele era um grande chef mas perdeu o paladar. E o gosto pela vida ao que parece. O que terá desaparecido primeiro? Tem um irmão, Wen, cujas caretas lhe dizem, quando necessário, se o tempero está bom, se o vapor não cozeu demais. As três irmãs vivem na casa do pai como se numa prisão, as suas vidas amorosas em diferentes encruzilhadas. Cada uma delas acaba por resolver o seu puzzle através das linhas de escape habituais - não vou dizer quais. Uma das filhas herdou a qualidade culinária do Sr.Lung - ou seria da falecida mãe? - e no fim é ela que "fica". Como assim? Aconselho a ver o filme - que num pequeno sketch até lembra Almodovar - mas que vale a pena porque ele há problemas e ele há soluções e nada aqui é inventado. No fim o Sr. Lung recupera o paladar ao deixar que cozinhem para ele e conseguiu alargar a família. Ang Lee filma Taipé como a metáfora mais óbvia para uma China que já não é a China que era mas demora a aperceber-se por completo disso. E filma a confecção culinária como ninguém. Anos depois em "O Tigre e o Dragão" e em "A Vida de Pi" teremos a prova provada da excelência visual dos filmes de Ang Lee. Mas bem mais cedo temos o comprovar das suas qualidades. em "Sense and Sensibility" Ang Lee abandona Taiwan e viaja até à sociedade mais parecida, a Inglaterra Vitoriana e, voltando a lidar com os fenómenos do "coming of age" feminino inventa Kate Winslet. 

Ang Lee não é um génio mas é um óptimo artesão, como o era... Michael Curtiz? 

Sem comentários:

Enviar um comentário