segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Vinte e Quatro Horas.

Kiefer Sutherland estabilizou a sua imagem com a série 24 Hours. Vou contar o meu dia de ontem. 

O meu dia de ontem começou pelas 6h30m e terminou hoje, eram as dez da manhã. Ou melhor, vou mencionar apenas os picos hipertensivos.

Pelas 18h pediram-me dinheiro. Não me acontecia desde o século passado. Uma pessoa conhecida, que trabalha, em sentido lato, onde eu trabalho. Que eu cumprimento quando por ele passo, Que não tenho porque não acreditar naquilo que me contou. Que não se conseguiu sentar à minha frente por vergonha. Que me pediu ajuda para um segundo emprego  - e como posso eu ajudar quem quer que seja a conseguir um emprego, meu Deus? Não aceitou a dávida, irá devolver até ao fim do ano em curso. Tive que ir ao site do meu banco fazer a segunda correcção de trajectória do mês. E pareceu-me que tinha feito bem. Também me pareceu que me despedi daquele dinheiro para nunca mais. 

Pela uma da manhã desci para exercer "lá por baixo" mais um pouco da "magia" da minha profissão. Ao fazer a curva para a sala de emergência pareceu-me reconhecer alguém. Na sala de emergência o possível objecto da minha atenção conversava em francês com uma médica amiga. Diz-se dos magos que nunca perdem o lume dos olhos, por velhos que fiquem ou sejam. Mesmo deitado numa maca era o caso, o homem que falava francês nos seus sessenta anos avançados. A pessoa que eu quase reconhecera na curva era a autora de:

"Ao mundo acrescentas mundo / entre palavras e pausas, / roubando formas ao fundo, / forjando fundos às causas." 

Observei e questionei, ganhei a opinião primeira. E depois bati em retirada - não é o mago o inimigo do médico? - e fui apresentar-me. Vestida exemplarmente ela entretia-se sentada a bordar num pequeno bastidor. Assim se faz a melhor poesia, dizem. Sentado a seu lado lá falei. Mas sempre me senti um passo atrás. Nem já na medicina a magia me assiste. Tudo aproximadamente bem. O mago foi embora melhorado e não diagnosticado. Soube de um filme próximo que uma amizade, que é a nossa ponte, irá fazer. E eram as três da manhã.

Ainda não eram as oito da manhã mas estávamos perto. Procurava um café a tirar numa daquelas máquinas. Inventaram um artefacto que carrega dinheiro e debita das máquinas coisas, com um pequeno desconto. Subia uma pessoa minha conhecida do século passado, vidé, e que me ofereceu um desses artefactos que guardava como reserva, nele a mais três cêntimos três. Catorze horas depois de um tal de "empréstimo" já estava a receber. Tomei o café e voltei para a sala onde fui contar a minha versão do que aos meus doentes tinha acontecido nas últimas 24 horas. 

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