A propósito de uma conversa que eu tive recentemente, a minha cabeça voltou a divagar sobre esta coisa da arte e da bondade, do saber saber e do saber ser, o que mais contará.
Há uns anos assisti a uma conversa com o António Lobo Antunes, palestra que depois incluia uma sessão de autógrafos, e ao assistir à conversa percebi ser o Lobo Antunes boa gente. Aconteceu em Faro. Um chato, sim, mas boa gente. Disse mais do que meia dúzia de coisas acertadas - e hoje quem, hoje quem? - e, para além do mais, disse-o com uma elegância antiga de quem já não tem nada a perder a não ser o medo da morte. Posto isto, não passei a ler mais Lobo Antunes do que antes.
O Saramago devia ser um tipo convencido e antipático. O Sena impossível de aturar. O Manel António Pina - diz-me quem o conheceu - era uma doçura. Isso infelizmente não fez dele um poeta mais importante do que Ezra Pound, que era racista e fascista e algumas outras coisas menos boas.
Portanto, vou aqui mencionar a minha lista de poetas, digo, pessoas boas, que conheci, algumas conheço ainda. De homens falo: o Sr. Augusto, o Armando Urger, o Sr. Amílcar, O Sr. Albino, o Sr. Abílio. Aprendi a ser homem/Homem, deixo ao facultativo a possibilidade da maiúscula já que já entenderam de que falo, aprendi a ser Homem (escolho) por puro auto-didactismo. As lições do meu Pai foram importantes mas tardias e discretas. Os senhores de que falo, que todos meus doentes foram, muito me ensinaram, cada um a seu tempo e no seu capítulo. Ainda ontem falávamos sobre o que aprendi com o Amílcar.
Vendo bem, peso por peso, qualquer um deles enfiava o Lobo Antunes num bolso. Gente começada pela letra A, aqui agradeço, aqui agradeço. Muito importante é a poesia mas mais importante ainda dar sentido e prumo a uma vida fria.
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